Como esse mar onde mal
chega o rio,
Como esse poço onde mal
sopra o vento,
Aqui me tens, negando o
lume e o frio,
E cego e surdo ao próprio
pensamento.
Como esse mar onde mal
chega o rio,
Como esse poço onde mal
sopra o vento.
Não haveria quem sonhe à
minha beira
E, ao menos, longe em
longe me sorria?
Às vezes cuido que na
terra inteira,
Já ninguém sente regressar
o dia.
Não haverá quem sonhe à
minha beira
E, ao menos, longe em
longe me sorria?
Areia. Pó. Um charco e uma
parede,
Tudo confundo: a sombra, o
medo, a luz.
Nem lágrimas. Porquê?
Morro de sede.
É esta a noite,
– E vai nascer Jesus.
Pedro Homem de Melo em Natal… Natais
Legenda: pintura de Charles Le Brun
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