terça-feira, 31 de dezembro de 2019

QUOTIDIANOS



O velho ano está quase a escapulir-se.
Foi bom? Foi mau? Foi assim-assim?
Foi o que tinha de ser: mais um!
A Sophia gostava de dizer que não sabia por que as pessoas celebravam a passagem do ano porque o ano estava sempre a passar.
O tempo do meu cachimbo estar apagado, o meu copo vazio e a chegar-me a lembrança do Helder Pinho, na passagem do ano de 1972, a telefonar para casa do meu pai e a gritar-me, o Helder morava, junto ao Tejo, na Rua da Manutenção: «eh pá! estou a ouvir a ronca dos barcos no Tejo a saudar o novo ano. Que maravilha!...que maravilha.» e mais outra lembrança, José Saramago, na noite estrelada cálida e tranquila de Lanzarote, no findar do ano de 1994: «Ninguém mais no mundo quer esta paz?»
Agora, segue-se o salto sem rede no vazio incógnito do novo ano.
Será, então, tempo de voltar a acender o cachimbo, voltar a encher o copo.

Sem comentários: