Sempre que me apanho no meio deste tempo de Natal, não esqueço o Imenso
Adeus e lá estou a beber dois gins, um por ti, outro por mim, mais alguns
para o caminho.
Mas Mário, o Natal está cada vez menos Natal, antes um amontoado de
confusões, de gasto exagerado de dinheiro, que a grande maioria mão tem mas teima
em gastar, tu que tanto te fartaste de dizer que gostavas do natal e a tal
Dietlinde, quando pediu o divórcio, acabou por ficar com os teus discos
de Natal, muitas outras coisas, algumas irreversíveis. O que deu bem – deu,
mesmo? - foi o apaixonares-te loucamente, pela advogada da tua mulher. Outro grande amor das muitas tuas
vidas que acabaram por contribuir para o fim da tua atormentada, mas bem
gozada, vida.
Voltei a mandar uma carta ao venerando sacripanta de barbas e casacão
vermelho, com posto de correio em Rovaniemi, lá para o Circulo Polar Árctico,
plena Lapónia onde, dizem, os dias são azuis, que me colocasse, no cantinho
esquerdo da chaminé, uma garrafa de verdadeira água tónica para que pudesse beber
o perfeito gin-tonic. Não é pedir a lua, apenas uma garrafinha de tónica aquela
que tem quinino e não hidrocloreto de quinino.
Mas nada!, queridíssimo Mário-Henrique Leiria, e o que é certo é que
essa tal tónica com quinino, empresta ao gin um sabor único, um sabor de paraíso.
De fazer inveja aos deuses.
De resto, há alguns anos o gin entrou na moda mas pelas piores razões.
Já quase ninguém frequenta o clássico gin tónico, rodela de limão, gelo e
tónica, antes se uma snobice, uma parvoeira sem nome, e metem-lhe flores,
pimentas, uma parafernália de especiarias e até já me falaram em que há por aí gelatina
de gin e eu fico espantado e arrepiado.
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