a Tom Waits
deuses depois das
duas horas com vinho
sangue e versos e
sinos e um videotape
em vez de teatro com
cerveja e programas
o músico com asas
quer fá bulas e cigarros
erguem-se aos beijos
e aos abraços por baixo
ah os pássaros apenas
estes somos nós
um blue de
brancos uns trocos de sangria
um cubo de pedra com
gaivotas de metal
sobre a fonte romana
na praça do século XVIII
aprende-se música
comenta de longe o pianista
as palavras
entrecortadas à faca nas suas teclas
o amigo fabulosos e
cheio de virtudes exige
mais ruas estreitas e
mais longas noites
cruel…… faz os seus cigarros
fuma-os ó fogo
de isqueiros e morte
com tédio e gelos
bebem assim tantos os
homens de tanta sede
a actriz
despede-se todos se encontram
sobre as mesas entre
os corpos copos e garrafas
amadeo de souza
cardoso ou modigliani
reservo o álcool para
os olhos mortos comigo
cravo de horto a frente tão maciça força
quantas bandeiras se
enovelam por aqui
sangrenta a mão
abre quatro uísques para
esta mesa a salvação é o menos rápido
eis o pintor da mesa
do canto as chamas
a açucena das
pequenas leituras e dos cinemas
havia de morrer logo
após a meia-noite
arde a carne a gordura acesa a pele estala
e estes sapatos de
cinza pelo chão correm
reconheço que nunca
nos vimos no porto
desaperta a
gravata enforca-se com a gravata
José Viale Moutinho em Piano Bar
1 comentário:
Tom Waits ainda continua a ser para mim um livro completamente fechado.
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