Camus e Sartre nunca
se entenderam, nunca se compreenderam.
Os horizontes de
Camus viviam das paisagens áridas, das gentes da Algéria, nunca dos cafés de Paris onde se
discutiam algo que estava muito longe do mundo de Camus.
«Sei o que é o domingo para um homem pobre que
trabalha. Sei sobretudo o que é o domingo à noite e se eu pudesse dar um
sentido e uma figura ao que sei, poderia fazer de um domingo pobre uma obra de
humanidade», escreve Camus nos
seus Cadernos
Sartre numa
carta a Camus:
«Nossa amizade não era fácil, lamento-o. Se hoje é
quebrada, certamente é porque isso teria que acontecer. Muitas coisas nos
aproximaram, poucas nos separaram. Mas esse pouco é muito: a amizade, ela
também, tem tendência para ser totalitária; o acordo sobre tudo é necessário, e
as mesmas indeterminações tornam-nos militantes de partidos imaginários.»
Parece fácil
perceber porque Albert Camus me interessou mais que Jean-Paul Sartre.
Num estudo que vem em
O Mito de Sísifo, escreve Liselotte
Richter:
«Para Camus não há transcendência. Também a liberdade é absurda. A
liberdade de existir não existe. Existe a morte para acabar com tudo. Depois
dela nada existe. Não há amanhã. Todos os objectivos burgueses são ilusão e
preconceitos.»
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