Gosto muito de Guinness, é uma cerveja que se “mastiga”, e só gosto de a beber nos copos “Pint” e em bares com mesas de madeira. Tenho estas coisas, gosto da conjugação de diversas sensações para poder saborear em condições, nunca bebi uma Guinnesse de garrafa ou lata, e se o fizesse em casa, não me saberia bem de certeza. Tal como adoro “Francesinhas”, mas só me sabem bem se forem comidas no Porto, ou nunca comeria caracóis no Inverno, tenho mais manias destas, mas não quero ser exaustivo. Sendo Liverpool uma terra com tanta influência Irlandesa, que melhor sítio para saborear uma boa Guinness ? Na foto aqui publicada, estou a saborear uma, no local do mundo onde ela me saberia melhor, no “Grapes”. É um bar tipicamente britânico, como tantos outros, mas com a particularidade de ser na Mathew St, mesmo em frente à porta do “Cavern” original. No início dos anos 60, quando os Beatles abrilhantavam as tardes do “Cavern”, no interior deste não se podiam servir bebidas alcoolicas, o que levava os seus frequentadores, quer fossem público ou músicos, a irem aos bares em redor beber algo que os animasse mais do que as “coca-colas” ou limonadas que se vendiam no interior. O “Grapes” era dos mais frequentados, por ser mesmo em frente, e consta que os Beatles tinham uma preferência especial por ele. Pelo menos existe uma foto que mostra John, Paul, George e Pete Best, sentados no preciso banco onde eu me sentei, com uma diferença de cerca de 50 anos. Consegui quase ouvir as gargalhadas e tiradas irónicas do grupo, naquela que para mim terá sido a melhor fase das suas vidas, num tempo em que já seriam os Reis do Cavern, em que o estatuto de heróis locais já lhes permitiria gozar de alguns privilégios, mas em que viviam a sua vida normal sem as condicionantes que a fama mundial lhes trouxe mais tarde. Claro que sem essa fama posterior, hoje eu não saberia que ali tinham estado quatro talentosos músicos, na força da juventude, a beberem umas Guinness no intervalo das actuações, mas penso que o sucesso posterior lhes trouxe, apesar da riqueza material, mais desvantagens do que vantagens. Enfim, para mim foi mesmo a Guinness que melhor me soube na vida, Mathew Str é uma rua de bares porta sim porta sim, e acho que bebi em todos, mas aquela soube-me pela vida. O local está todo decorado com objectos e fotos alusivas à época, e eu gosto de ver essas fotos de um tempo em que as pessoas ainda eram naturais, antes da fama, não só dos Beatles, mas também de contemporâneos que tiveram menos sucesso. Mastigar uma Guinness ali, sabe pela vida, enquanto não inventam a máquina de viajar no tempo, aquilo será o mais perto que poderia estar, não dos Beatles, mas de quatro jovens cheios de sonhos e talento.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
POSTAIS DE LIVERPOOL
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3 comentários:
Bom postal, Jack.
Mas há dias em que a "Guiness" cai pessimamente... mesmo mastigada!...
Ora nada melhor para animar quem está no escritório a trabalhar a um dia de Feriado do que ler um texto destes, que faz mesmo sede: da Guiness e do tal bar de Liverpool...
Uma vez num restaurante em Amesterdão, à beira de um dos canais, sentei-me numa mesa que tinha uma pequena etiqueta pregada que dizia que o Elvis se havia sentado naquele sítio... Embora não seja um fã incondicional do rapaz (só gosto mesmo das baladas delicodoces...), a refeição soube-me muito melhor.
Um abraço e ficamos à espera dessa excursão colectiva a organizar em Agosto deste ano.
Quanto ao problema do Sammy, ele há pastilhas que ajudam à digestão...
LM
Agradeço as vossas gentis palavras, ainda mais vindas de quem escreve a sério, e uma Guinness cai sempre bem, Sammy. O curioso no comentário do Luís Mira, é que fica a sensação que foi todo muito bem escrito, mas apenas para justificar a ultima frase...
PB
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