Morreu ontem, tranquilamente durante o sono, a poetisa polaca Wislawa Szymborska, Nobel da Literatura de 1996.
Tinha 88 anos e a Academia Sueca valorizou-a como representante de um olhar poético de uma pureza e de uma força raras.
Aqui publiquei um poema de Wislawa Szymborska e, hoje, no dia da sua morte, um outro que copiei do Cadeirão Voltaire, e que está publicado em Paisagem Com Grão de Areia, editado pela Relógio d’Água em 1998 e traduzido por Júlio Sousa Gomes).
Aqui publiquei um poema de Wislawa Szymborska e, hoje, no dia da sua morte, um outro que copiei do Cadeirão Voltaire, e que está publicado em Paisagem Com Grão de Areia, editado pela Relógio d’Água em 1998 e traduzido por Júlio Sousa Gomes).
O poema chama-se O Terrorista Olha:
A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
São neste momento treze e dezasseis.
Alguns conseguem ainda entrar,
alguns sair.
São neste momento treze e dezasseis.
Alguns conseguem ainda entrar,
alguns sair.
O terrorista passou já para o outro lado da rua.
A esta distância ficará livre de perigo
e, quanto a vista, é como no cinema:
A esta distância ficará livre de perigo
e, quanto a vista, é como no cinema:
Uma mulher de casaco amarelo… entra.
Um homem de óculos escuros… sai.
Rapazes de jeans… conversam.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
Aquele baixinho tem sorte e senta-se na vespa,
mais um tipo alto que entra.
Um homem de óculos escuros… sai.
Rapazes de jeans… conversam.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
Aquele baixinho tem sorte e senta-se na vespa,
mais um tipo alto que entra.
Treze horas, dezassete minutos e quarenta segundos.
Passa uma moça de fita verde nos cabelos.
Só que o autocarro oculta-a.
Passa uma moça de fita verde nos cabelos.
Só que o autocarro oculta-a.
Treze e dezoito.
A rapariga desapareceu.
Se foi bastante estúpida para entrar ou não,
isso se saberá pelas notícias.
A rapariga desapareceu.
Se foi bastante estúpida para entrar ou não,
isso se saberá pelas notícias.
Treze e dezanove.
Parece que ninguém entra.
Há porém um careca gordo que sai.
Mas olha, parece que procura algo nos bolsos,
faltam treze segundos para as treze e vinte,
e ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu.
Parece que ninguém entra.
Há porém um careca gordo que sai.
Mas olha, parece que procura algo nos bolsos,
faltam treze segundos para as treze e vinte,
e ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu.
São treze e vinte.
Como o tempo voa.
Deve ser agora.
Ainda não.
Sim, é agora.
A bomba…. explode.
Como o tempo voa.
Deve ser agora.
Ainda não.
Sim, é agora.
A bomba…. explode.
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