sábado, 4 de fevereiro de 2012

JANELA DO DIA


Por norma os fins-de-semana são dias parcos em notícias, os políticos os fala-barato, vão arejar e, apenas ficam as outras notícias, normalmente mortes outras tragédias, por vezes, um acontecimento feliz.
É um tempo propício para colocar à janela o que, nos últimos dias fui lendo pela concorrência.

1.

Finalmente Passos Coelho inspira-se no cavaquismo governamental. Também ele mostra o nervo anunciando que não haverá tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval! Mas copiar não vale...

José Medeiros Ferreira no Córtex Frontal

2

Ouvi recentemente numa reunião com o director comercial da LeYa que um livro tem uma esperança de vida média de sete semanas. Sete semanas durante as quais, com ou sem ajuda, terá de se vender e sair da livraria, pois, de contrário, sairá também, mas devolvido e para os armazéns da editora – e é quase garantido que não voltará a pôr lá os pés (na livraria, entenda-se). Tratando-se de um livro de um estreante, português ou estrangeiro, é preciso, pois, torná-lo minimamente conhecido ou «badalado» antes da saída, ou tentar que as críticas cheguem em cima da publicação para que alguma atenção recaia sobre ele durante essas míseras sete semanas. O problema é que há muito pouco espaço para falar de livros na nossa comunicação social – menos ainda para livros de desconhecidos, sobretudo se a saída destes coincide com a de outros títulos mais sonantes com direito natural a uma ou mais páginas. Então, não é raro que os mais necessitados se vejam confinados a uma colunazita de nada que, por bem intencionada que seja, não ajuda muito; ou, o que é pior, a um espaço efectivamente mais amplo mas, sim, sete semanas depois do que era preciso... Ou mais. Já vi críticas que saíram um ano depois da publicação dos livros a que diziam respeito. Não serviram a quem as escreveu nem a quem publicou o livro. Talvez sejam iguais ao silêncio, enfim.

Maria Rosário Pedreita no Horas Extraordinárias

3.

Podia ser um plano dos irmãos Lumière. Nove menos pouco da manhã, a porta de entrada de um banco na rua Sá da Bandeira; saem três mulheres pela esquerda, é o fim do turno das limpezas. Trazem sacos nas mãos, sapatilhas ou botas de cano alto, roupas garridas não muito quentes mas sobrepostas.
Uns segundos depois, entram, pela direita, três mulheres do departamento administrativo com casacos compridos em tons de castanho e cinzento, carteiras a tiracolo, saltos altos e cabelos arranjados.

Lido no Malone Meurt


Legenda: Quadro de Miró

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