Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.
Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.
Entretanto, deixai que não me cale:
Até que muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.
A minha voz de morte é a voz da luta:
se confia a sua dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.
Carlos de Oliveira de Mãe Pobre em Trabalho Poético Vol. I, Livraria Sá da Costa Editora, Lisboa s/d
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