quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

JANELA DO DIA


1.

Miguel Relvas, para além de ministro da propaganda, nomeou-se coordenador da nova Comissão Interministerial de Criação de Emprego e Formação Jovem.

A comissão reuniu-se esta manhã com os parceiros sociais. Para além de Relvas estiveram 12 secretários de estado.

Nenhum documento foi apresentado, apenas blá-blá-blá.

Finda a reunião, Arménio Carlos, Secretário-Geral da CGTP, acusou o ministro de estar a tentar iludir a opinião pública para dar ideia que está preocupado com o desemprego juvenil quando, na prática, as políticas que estão a ser seguidas, não só não criam emprego, como destroem emprego e são responsáveis pelo número elevadíssimo de desempregados.

Quando a medidas, a CGTP propôs um combate à precariedade e aos falsos recibos verdes, o lançamento de uma campanha para atacar os postos de trabalho precários em funções permanentes, o reforço da protecção dos desempregados. Para as micro e PME, a central sindical adiantou uma linha de financiamento através da CGD, a redução dos custos de contexto e uma maior atenção e protecção a estas empresas que estão a ser esmagadas pelos grupos económicos.

Dada a ausência de propostas por parte do Governo, a reunião foi encarada pela CGTP como uma manobra de diversão e de propaganda pura e dura.

2.

Segundo o secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, disse esta quarta-feira que 17 mil a 20 mil pessoas deixaram a Função Pública durante o ano de 2011, o que corresponde a uma redução de 3,2% nos trabalhadores do Estado.


3.

A Carris pretende rescindir contrato por mútuo acordo com cerca de 300 trabalhadores este ano, disse o presidente da transportadora pública, adiantando que até ao momento 80 funcionários já cessaram o seu vínculo laboral.

4.

Da crónica de Baptista-Bastos, hoje no Diário de Notícias:
Ninguém esperava que o País chegasse a isto. Embora alguns, não muitos, demonstrassem um cepticismo próximo da negação absoluta. Estava no Diário Popular, quando Marcelo Caetano se rendeu. Andei pelo Carmo, a rondar e a sondar, corri para o jornal, e disse ao José de Freitas: "Zé: o fascismo caiu." José de Freitas era um notável jornalista, sonhara os sonhos impossíveis da grande geração a que pertencia, e fora marcado por toda a gama de desesperos. Respondeu-me, as lágrimas a rolarem-lhe pela face: "Vamos lá ver... Vamos lá ver..."
As frases toldadas causaram-me surpresa próxima da perplexidade. "Caiu, Zé; o fascismo caiu." E ele: "És muito novo, ainda", talvez para justificar a minha pobre ingenuidade. Ele tinha razão. Não se extirpa, de um momento para o outro, uma mentalidade timbrada pelo temor reverencial, ou as características serviçais que revelam índoles pouco corajosas. Alie-se a estas debilidades a ignorância larvar, e a tendência para deixar correr as coisas. E algumas traições, aparentemente inverosímeis.
O sonho, como se sabe, durou pouco mais de ano e meio. Normalizou-se uma democracia que nem sequer sabia que o era. Depois, fomos tropeçando, à medida das nossas resignações e incapacidades. Se calhar, não gostamos do risco de pensar, e damo-nos mal com a democracia, que nos incita a isso. Se calhar.

Sem comentários: