Barco Negro.
Há muitos e muitos anos que conheço este fado de Amália Rodrigues.
Gosto muito de o ouvir.
Só mais tarde vim a saber, que o bonito poema é da autoria de David-Mourão Ferreira.
Vim depois a encontrar a versão de Ney Matogrosso num disco LP que dá pelo nome de Sujeito Estranho.
A capa desse disco encontram-na no post seguinte.
Gosto muito de Amália, mas, permitam-me o desplante: a versão de Ney é um assombro.
Tentei encontrar essa interpretação, para a colocar aqui, mas das que estão pelo You Tube, nenhuma é a disco.
As que ouvi não me parecem nada felizes razão porque vos deixo a da Amália.
Por isso escolhi Amália.
Barco Negro
Poema: David-Mourão Ferreira
Música: Caco Velho
De manhã temendo que me achasses feia,
acordei tremendo deitada na areia,
mas logo os teus olhos disseram que não
e o sol penetrou no meu coração.
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
e o teu barco negro dançava na luz;
vi teu braço acenando, entre as velas já soltas.
Dizem as velhas da praia que não voltas...
São loucas! São loucas! -
Eu sei, meu amor,
que nem chegaste a partir,
pois tudo em meu redor
me diz que estás sempre comigo.
No vento que lança
areia nos vidros,
na água que canta,
no fogo mortiço,
no calor do leito,
nos bancos vazios,
dentro do meu peito
estás sempre comigo.
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