É por isto tudo que não aceito a culpabilização
sistemática dos mais pobres e mais fracos e da classe média, por terem vivido
“acima das suas posses”, mesmo quando não o fizeram. E mesmo quando havia uma
casa a mais, um carro a mais, um ecrã plano a mais, um sofá a mais, um vestido
ou um fato a mais, umas férias a mais, uma viagem a mais, recuso-me a colocar
estes “excessos” no mesmo plano moral dos “outros”. Algum moralismo salomónico,
que coloca no mesmo plano a corrupção dos poderosos e dos de cima com os
pequenos vícios dos de baixo e do meio, tem como objectivo legitimar sempre a
penalização punitiva de milhões para desculpar as dezenas. É por isto que esta
crise corrompe a sociedade e vai deixar muitas marcas, mesmo quando ninguém se
lembre de Portas e de Passos.
José Pacheco Pereira no Público sobre o que se vai
passando na banca portuguesa.
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