domingo, 8 de junho de 2014

A ELEIÇÃO FARSA


8 de Junho de 1958

Há 56 anos realizava-se a fraude-farsa que foi a eleição do Contra-Almirante Américo Tomás para Presidente da República.

O governo ditatorial atribuiu ao candidato da União Nacional um total de 765.081 votos (76,4%), enquanto ao General Humberto Delgado foram atribuídos 236,057  votos. (23,5%).

Ainda segundo os números do regime entraram nas urnas 1.001.138 votos.

Numa carta dirigida aos seus camaradas de armas, Humberto Delgado, escreveu

Na verdade sucede que acabo de ser vítima de um dos maiores roubos eleitorais da História.


A Oposição democrática apresentava-se às eleições com dois candidatos: o General Humberto Delgado e Arlindo Vicente.


 A dinâmica da campanha eleitoral em redor de Humberto Delgado viria a demonstrar que seria do interesse nacional que o candidato Arlindo Vicente desistisse em favor de Humberto Delgado.

Esse acordo ficou conhecido como o Pacto de Cacilhas:

Portugueses!

A Oposição Independente e a Oposição Democrática, representadas pelos seus candidatos à Presidência da República, senhor General Humberto Delgado e senhor Doutor Arlindo Vicente, em face da necessidade de estabelecer, nas urnas, uma unidade de acção contra o Governo da Ditadura, verificaram ser útil, e até decisivo, proceder imediatamente a tal unidade e, para isso, estabelecer a actuação comum nos seguintes termos que se comunicam à Nação:

As Candidaturas prosseguirão, a partir desta data, a trabalhar em conjunto, e no final, representadas nas urnas por um só Candidato, o General Humberto Delgado, que se compromete, por sua honra, e salvo caso de força maior, a tornar efectivo o exercício do voto até às urnas e estabelecer, em caso de êxito, o seguinte:

a) Condições imediatas de aplicação do Art.º 8º da Constituição;

b) Exercício de uma Lei Eleitoral honesta;

c) Realização de eleições livres até um ano após a constituição do seu Governo;

d) Liberdade dos presos políticos e sociais;

e) Medidas imediatas tendentes à democratização do País.

Viva Portugal!

Viva a Liberdade!


Na sessão de encerramento da campanha eleitoral da União Nacional, realizada no Pavilhão dos Desportos, no dia 4 de Junho, Salazar disse:

Há muitos incrédulos, de alma vazia, que temos a obrigação de tentar converter à nossa fé patriótica. Haverá portadores de convicções muito afastadas das nossas e que devíamos esclarecer. Há todos esses e talvez por nossa culpa. Mas nós somos todos os mais. Somos tantos os que comungamos no mesmo ideal, somos tantos os que estamos ligados pela mesma convicção do interesse pátrio, e temos trabalhado e sofrido para maior prestígio e engrandecimento da Nação que ela não hesitará sobre quem servi-la e, como até aqui, dignamente representá-la. Não tenhamos receio.

O Notícias de Portugal, posteriormente, confirmava:

A Nação não hesitou e votou em Portugal.

Votou bem.

A Revolução continuará.

Segundo Oliveira Salazar, eram mais e não tinham receio, mas a circunstância não os impediu de terem entrado em pânico.

De futuro, não poderiam voltar a correr semelhantes riscos como os verificados nessa eleição de Junho de 1958, pelo que o ditador determinou e mandou publicar uma
alteração significativa do sistema eleitoral para a Presidência da República: passava a ser competência da Assembleia Nacional.

Até 25 de Abril de 1974, Américo Tomás foi sendo, ininterruptamente, eleito Chefe de Estado.

Legenda:
a)      Fotografia tirada do Notícias de Portugal nº 579: O Senhor Presidente do Conselho, agradece a assombrosa manifestação que lhe foi prestada na sessão de encerramento da camapanha eleitoral, no Pavilhão dos Desportos em Lisboa.
b)      Capa e contracapa do Manifesto Eleitoral do Dr. Arlindo Vicente.

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