Sim eu sei que sou um solitário e jamais encontrarei a forma de
destruir a minha solidão. No meio de milhões de seres, ombreando com eles,
encarando-os, respirando o seu hálito, tocando-lhes as mãos, sentir-me-ei
sempre perdido, isolado, crescendo num deserto. É o mal de todos nós na nossa
época: a solidão. Mas uma solidão estranha, paradoxal; não resistiria à ideia
de fazer esta viagem sem ver ninguém, e agora, aqui, rodeado por esta gente,
sinto-me infeliz e anseio por um reduto impossível.
Mário Ventura em A Noite da Vergonha
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