quinta-feira, 26 de junho de 2014

POSTAIS SEM SELO


Sim eu sei que sou um solitário e jamais encontrarei a forma de destruir a minha solidão. No meio de milhões de seres, ombreando com eles, encarando-os, respirando o seu hálito, tocando-lhes as mãos, sentir-me-ei sempre perdido, isolado, crescendo num deserto. É o mal de todos nós na nossa época: a solidão. Mas uma solidão estranha, paradoxal; não resistiria à ideia de fazer esta viagem sem ver ninguém, e agora, aqui, rodeado por esta gente, sinto-me infeliz e anseio por um reduto impossível.

Mário Ventura em A Noite da Vergonha

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

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