No dia 31 de Maio de 1961, no Estádio Wankdorf, em Berna, o Benfica conquistava a sua primeira Taça dos Campeões Europeus.
Esta é a capa de O Benfica de 3 de Junho de 1961.
Olham-se os sub-títulos e recolhe-se a orgulhosa chamada de atenção: uma
equipa constituída apenas por portugueses.
Curiosamente a linha avançada do Barcelona apenas tinha um
jogador espanhol e o jornal coloca na edição um cartoon sobre esse pormenor:
O Benfica alinhou com:
Costa Pereira; Mário João e Ângelo; Neto, Germano e Cruz;
José Augusto, Santana, Águas (cap.), Coluna e Cavém.
O árbitro foi o suíço Dienst
Marcadores: 0-1, Kocsis (20 m); 11, Águas (30 m); 2-1
(Ramallets (31 m. na própria baliza); 3-1, Coluna (55 m); 3-2, Czibor (75 m).
O jogo foi transmitido, directamente, e a preto e branco,
pela RTP.
Uma transmissão cheia de percalços, tantos foram os cortes
de imagem que aconteceram. As comunicações não tinham a técnica que hoje
acontece nas transmissões televisivas.
Para tornar a pílula mais negra, por causa da visita do
Presidente Kennedy a Paris, Portugal ficou sem direito a satélite, houve
interrupção da transmissão, que até então tinha sido quase miserável, e voltámo-nos
para a velha e inestimável companheira rádio e, através da Emissora Nacional,
ficámos com o relato do Artur Agostinho.
Para compensar, a RTP várias vezes ao longo das semanas,
transmitiu o jogo integral e, pela primeira vez, vimos claramente visto a sorte
espantosa do Costa Pereira a olhar para bolas a bater num poste, a percorrer a
linha de baliza, ir ao poste contrário e serem chutadas para canto.
Um sufoco.
Bella Guttman continuou como treinador do Benfica, ganhará a
segunda Taça dos Campeões Europeus frente ao Real Madrid e deixa o comando do
clube.
Voltará mais tarde mas, por maus resultados, é despedido e é
então que lança a célebre maldição de que o Benfica nunca mais ganhará uma
competição europeia.
Quem acredita em bruxas tem a possibilidade de dar corpo ao
mito.
Como não acredito em bruxas, por aqui me fico.
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