8 a 14 de Junho
FOI DETIDO Saldanha Sanches, director do Luta Popular, órgão central do MRPP.
Dezenas
de militantes desfilaram da Praça do Chile até à Praça do Areeiro, gritando
slogans: Abaixo a nova Pide e Liberdade para Saldanha Sanches.
Segundo
Maria José Morgado, que presenciou a prisão levada a cabo por polícias à
paisana, esta prisão visou sobretudo atingir o MRPP e o “Luta
Popular” e está integrada num conjunto de medidas repressivas contra os
marxistas-leninistas-maoistas”.
“É uma medida da coligação burguesa no poder contra a classe operária e a sua vanguarda organizada.
“É uma medida da coligação burguesa no poder contra a classe operária e a sua vanguarda organizada.
NO DIA !0 DE JUNHO DE 1974, um grupo de
quarenta e oito artistas plásticos do Movimento Democráticos dos Artistas Plásticos pintou, no Mercado da Primavera em Belém, um
enorme mural. Entre muitos outros pintores , participaram na pintura colectiva Júlio
Pomar, João Abel Manta, Nikias Skapinakis, Menez, Vespeira, Costa Pinheiro.
MargaridaTengarrinha Dias Coelho, Sá Nogueira, João Abel Manta, Palolo, Ângelo de
Sousa, Nuno San-Payo, Lima de Carvalho, João Vieira, Jorge Martins, Querubim Lapa,
Alice Jorge, Fernando Azevedo, Rogério Ribeiro, José Escada, Vítor Palla,
António Domingues, Jorge Vieira, Carlos Calvet.
Vergílio
Ferreira no seu Diário:
Dois amigos pintores (o Baptista e o Querubim)
deixaram-me dar umas pinceladas. Lembrei-me de Napoleão, em Austerlitz, aos
soldados: tu podes dizer «eu estive lá». De modo que também lá estive.
Este
mural viria a desaparecer, num incêndio, em 1981, e nunca se conseguiu
apurar as causas.
O
mural fazia parte de uma série de actividades de solidariedade para com o
Movimento das Forças Armadas.
Durante
o dia o Mercado da Primavera registou, através da cultura e das artes, outros
eventos de saudação à Liberdade que o Movimento das Forças Armadas nos trouxe.
O
grupo de teatro A Comuna concebeu um espectáculo, vulgo cegada, em que
figuras notórias da ditadura eram
caricaturada.
O
espectáculo estava a ser transmitido, em directo, pela Televisão, mas a emissão
foi subitamente interrompida quando o actor que fazia de Cardeal Cerejeira o
artista que proferia estas palavras:
Senhor Presidente da República. Senhor presidente do
conselho. Filhas, artistas e filhos meus muito queridos em vosso Senhor Jesus
Cristo. Pedem a o patriarca Cerejeira que diga algumas palavras nesta festa de
artistas. Que palavras pode dizer o patriarca de Lisboa senão fazer cantar como
um apóstolo anima mea gaudiae pinctome, canatatis, representatis, pictos,
pictos, picta.
Que palavras pode dizer o cardeal de Lisboa senão o fazer exultar de alegria a arte. O grito do Natal ressoa em nós quando a arte se transforma em parte e se parte para a Arte que é o particípio do Espírito Santo.
Esta é a festa dos artistas em que pelo que fazeis dais glória aos nossos governantes que mais não fazem que executar a vontade de Deus e a vontade do povo, salvo seja…
Que palavras pode dizer o cardeal de Lisboa senão o fazer exultar de alegria a arte. O grito do Natal ressoa em nós quando a arte se transforma em parte e se parte para a Arte que é o particípio do Espírito Santo.
Esta é a festa dos artistas em que pelo que fazeis dais glória aos nossos governantes que mais não fazem que executar a vontade de Deus e a vontade do povo, salvo seja…
Passados
poucos minutos, a locutora Alice Cruz, leu o seguinte comunicado:
O programa que transmitíamos em directo do Mercado
da Primavera foi interrompido por ordens superiores, estranhas aos
trabalhadores da televisão que manifestam o seu repúdio por tal medida, pelo
que oportunamente tomarão a atitude conveniente.
A
ordem de interrupção fora ordenado pelo Major Mariz Fernandes, representante da
Junta de Salvação Nacional na RTP .
No dia seguinte, Raul Rego, ministro da
Comunicação Social, emprestou a sua concordância com o acto censório, e
acrescentou:
Temos que ter em consideração os sentimentos de parte da
população portuguesa.
Passados
dias, o Conselho Permanente do Episcopado divulga um comunicado afirmando a sua
mais viva indignação por esse espectáculo que foi sentida pela
generalidade da população católica de Portugal.
OS ARMADORES da pesca da sardinha afirmam que não suportam as exigências dos
pescadores.
FORAM INTERROMPIDAS , em Argel, as negociações com o P.A.I.G.C.
Mário
Soares:
É preciso fazer notar, neste momento, que incidentes
desta ordem são perfeitamente comuns e até direi, quase naturais Há
dificuldades da nossa parte, há dificuldades da parte deles.
PROSSEGUE a greve na Timex.
O RECONHECIMENTO do direito à independência por Portugal é reclamado pelo MPLA como condição essencial para o
cessar fogo.
Sá
CARNEIRO numa entrevista a um jornal do Brasil afirmou que o Governo Provisório
é uma verdadeira equipa.
Legenda:
b)
Fotografia da feitura do mural, tirada de O Século de 12 de Junho de 1974
c)
Fotografia da representação da cegada de A Comuna tirada do Expresso de 15 de Junho de 1974.
Fontes: Recortes de acervo pessoal, Diário de Uma Revolução, Mil Dias Editora, Lisboa, Janeiro de 1978, Portugal Depois de Abril de Avelino Rodrigues, Cesário Borga, Mário Cardoso, Edição dos Autores, Lisboa, Maio de 1976, Portugal Hoje, edição da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, A Funda, Artur Portela Filho, Editora Arcádia, Lisboa
Fontes: Recortes de acervo pessoal, Diário de Uma Revolução, Mil Dias Editora, Lisboa, Janeiro de 1978, Portugal Depois de Abril de Avelino Rodrigues, Cesário Borga, Mário Cardoso, Edição dos Autores, Lisboa, Maio de 1976, Portugal Hoje, edição da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, A Funda, Artur Portela Filho, Editora Arcádia, Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário