Sou um homem grava, que contempla respeitosamente a horizonte visual. Aguardo
o meu filho mais novo, que vai fazer 24 anos no Outono, e reverto o olhar para
antigamente. Ainda me movo com presteza; o raciocínio é ainda claro e fértil,
mas o recurso à memória, por vezes, é sufocado por hiatos breves. Esqueço-me
dos nomes das coisas e costumo dar outros nomes aos nomes. Tenho 65 anos, sou
escritor, escrevo um livro de asserções fingidas, sem sentir a necessidade de
explicar muita coisa ou de atenuara as diferenças de regime narrativo entre a
ficção pura e a História. Sei que as pessoas têm a nostalgia de épocas
passadas. Desejo entrar nos sonhos das pessoas: escrevo os meus sonhos.
Baptista-Bastos em O Cavalo a Tinta-da-China.
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