O Estrangeiro
Albert Camus
Tradução: António Quadros
Capa: Bernardo Marques
Colecção Miniatura nº 48
Edição «Livros do Brasil», Lisboa s/d
Poderia assim viver em Paris e viajar durante parte do
ano. «Você ainda é novo e creio que essa vida lhe agradaria». Disse que sim,
mas que no fundo me era indiferente. Perguntou-me depois se eu não gostava de
uma mudança de vida. Respondi que nunca se muda de vida, que em todos os casos
as vidas se equivaliam e que a minha aqui, não me desagradava. Mostrou um ar
descontente, disse que eu respondia sempre à margem das questões e que não
tinha ambição, o que, para os negócios era desastroso. Voltei para o meu
trabalho. Teria preferido não o descontentar, mas não vejo razão alguma para
modificar a minha vida. Pensando bem, não era infeliz. Quando era estudante,
alimentara muitas ambições desse género. Mas, quando abandonei os estudos,
compreendi muito depressa que essas coisas não tinham verdadeira importância.
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