quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A MARIA C.


longo tempo permaneceste a ocidente.

à tua volta erguiam-se as treze colinas de Y. e as
belas cidades incendiadas

dissera-me o último viajante que era frequente
encontrar-te
triste     meia louca e triste
nas horas do crepúsculo
e que mais tarde partias para norte   aí
onde começam os grandes frios       os grandes frios.

sei que adormeceste em camas de mobília antiga
o teu quarto era azul    laranja
desordenado como as manhãs da ilha
erguido sobre os altos rochedos –

mas nada destruiu o teu hálito a cidra e a vinhos
ainda puros

talvez fosse esse apenas o mistério que durante
alguns invernos tanto perturbou as populações do litoral.

não sei todavia
se guardas ainda o nome do amigo que não conhecemos e a
8 de OUTUBRO MORRIA EM LA PAZ.

LEMBRAS-TE?

entretanto alguma coisa se passou que ultrapassa a
excessiva solidão do poema.

podia falar-te     por fim
                da casa onde acaba o rio
com as flores amarelas    e raras
                que havias de trazer dos países distantes.

PORÉM

que noite ainda poderá quebrar o silêncio da ilha?

 José Agostinho Baptista em deste lado onde


Sem comentários: