Extraordinária discussão. O banco público Caixa Geral
de Depósitos teve de meter dinheiro na solução para o descalabro do BES. Quando
o Novo Banco for vendido, se o for por menos do que os bancos lá meteram - e
assim vai ser - haverá perdas para a CGD. Se calhar era essa a única solução,
sou um boi a olhar para o palácio do Novo Banco. O que quero é ruminar o fluxo
das palavras que nos vão dando. Então, quando apresentou a sua solução,
aligeirando os problemas que ainda não tinham chegado (quem sabe se não aparecia
entretanto um milagre?...), o Governo disse que não haveria "qualquer
risco" para os contribuintes. Entretanto, não chegou o milagre. E as
palavras foram mudando. Há dias, a ministra das Finanças admitiu que a CGD pode
perder dinheiro com o Novo Banco. Oposição e jornais concluíram que sim, afinal
iria haver custos para os contribuintes. Mas a ministra, depois de anunciar a
pancada inevitável, não assumiu que os contribuintes sempre perderiam. A
seguir, Passos Coelho confirmou a perda prevista para a CGD e abriu mais uma
portinha: "Nesse sentido, de forma indireta pode haver algum
prejuízo." Mas, reparem, nunca o sujeito, "contribuinte", está
junto à ação, "vai perder". Ontem, esse jogo de claro-escuro foi
iluminado por uma lição de Finanças de Cavaco Silva. Definiu a CGD e a sua
atividade mercantil e nós, nada a ver. Às vezes a luz ofusca, e é essa a
intenção. Quem me dera a explicação simples: paguem e calem-se.
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