Nada esperes e nada prometas aos deuses.
sábado, 31 de outubro de 2015
OS IDOS DE OUTUBRO DE 1975
31 de Outubro de
1975
VOLTOU A NÃO
SAIR O SÉCULO. Ontem aconteceu o mesmo. Trabalhadores apoiantes do PS
juntaram-se a trabalhadores do MRPP e, em referendo , aprovaram a demissão do
director Adelino Tavares da Silva e do chefe de redacção Joaquim Benite.
De um comunicado
do Partido Socialista:
Um plenário,
terminado já de madrugada, aprovou que o director do jornal seria. o tipógrafo
Francisco Lopes Cardoso que remete para um caso semelhante em que o tipógrafo
Alexandre Vieira, durante a primeira República, dirigiu o jornal A Batalha.
Os trabalhadores
e jornalistas afectos ao PS e MRPP consideraram a eleição como uma manobra
vil de um minoritário grupo partidário «social-fascista». Os restantes trabalhadores
chamaram-lhe uma grandiosa vitória da classe operária.
Até ao 25 de
Novembro o jornal no cabeçalho o nome do novo director.
CARLOS
ALTAMIRANO, secretário-geral do Partido Socialista chileno, que se encontra em
Lisboa fazendo parte de uma delegação do Conselho Mundial para a Paz, disse,
ontem, num comício em Sacavém:
As massas exploradoras de todo o Mundo têm, agora, a
sua atenção concentrada
No que se passa em Portugal. O vosso processo
revolucionário tem numerosas singularidades. Desejamos que Portugal não seja um
novo Chile e sim um Vietname vitorioso.
O República
pega em outras palavras de Altamirano e publica um «Ponto Assente»:
FALTAM 25 Dias
para que se dê o golpe do 25 de Novembro de 1975, o «DIA NÃO», tal como
escreveu Maria Velho da Costa.
Fontes:
- Acervo pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
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Joaquim Benite,
Jornais,
Maria Velho da Costa,
Verão Quente 1975
NOTÍCIAS DO CIRCO
José Pacheco
Pereira ao jornal I.
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Governo de Centro Esquerda,
Governo de Direita
QUOTIDIANOS
Um homem de 39 anos foi assassinado à pancada na
madrugada deste sábado, no centro histórico de Guimarães, por um grupo de
jovens.
O homem sofreu
ferimentos diversos, nomeadamente na cabeça, que lhe causaram a morte.
Fonte policial disse ao JN que a vítima protestou
contra o barulho que os jovens estavam a fazer e, depois de desafiado pelo
grupo, desceu à rua e foi espancado até
à morte.
Do Jornal de
Notícias de hoje.
Legenda: imagem
do filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
POSTAIS SEM SELO
Não há língua mais estrangeira para um homem do que
uma mulher.
Laura Gil
Legenda: pintura de Vincent Giarrano
MUIPÍTI
É onde deponho todas as armas. Uma palmeira
harmonizando-nos o sonho. A sombra.
Onde eu mesmo estou. Devagar e nu. Sobre
as ondas eternas. Onde nunca fui e os anjos
brincam aos barcos com livros como mãos.
Onde comemos o acidulado último gomo
das retóricas inúteis. É onde somos inúteis.
Puros objectos naturais. Uma palmeira
de missangas com o sol. Cantando.
Onde na noite a Ilha recolhe todos os istmos
e marulham as vozes. A estatuária nas virilhas.
Golfando. Maconde não petrificada.
É onde estou neste poema e nunca fui.
O teu nome que grito a rir do nome.
Do meu nome anulado. As vozes que te anunciam.
E me perco. E estou nu. Devagar. Dentro do corpo.
Uma palmeira abrindo-se para o silêncio.
É onde sei a maxila que sangra. Onde os leopardos
naufragam. O tempo. O cigarro a metralhar
nos pulmões. A terra empapada. Golfando. Vermelha.
É onde me confundo de ti. Um menino vergado
ao peso de ser homem. Uma palmeira em azul
humedecido sobre a fronte. A memória do infinito.
O repouso que a si mesmo interroga. Ouve.
A ronda e nenhum avião partiu. É onde estamos.
Onde os pássaros são pássaros e tu dormes.
E eu vagueio em soluços de sílabas. Onde
Fujo deste poema. Uma palmeira de fogo.
Na Ilha. Incendiando-nos o nome.
harmonizando-nos o sonho. A sombra.
Onde eu mesmo estou. Devagar e nu. Sobre
as ondas eternas. Onde nunca fui e os anjos
brincam aos barcos com livros como mãos.
Onde comemos o acidulado último gomo
das retóricas inúteis. É onde somos inúteis.
Puros objectos naturais. Uma palmeira
de missangas com o sol. Cantando.
Onde na noite a Ilha recolhe todos os istmos
e marulham as vozes. A estatuária nas virilhas.
Golfando. Maconde não petrificada.
É onde estou neste poema e nunca fui.
O teu nome que grito a rir do nome.
Do meu nome anulado. As vozes que te anunciam.
E me perco. E estou nu. Devagar. Dentro do corpo.
Uma palmeira abrindo-se para o silêncio.
É onde sei a maxila que sangra. Onde os leopardos
naufragam. O tempo. O cigarro a metralhar
nos pulmões. A terra empapada. Golfando. Vermelha.
É onde me confundo de ti. Um menino vergado
ao peso de ser homem. Uma palmeira em azul
humedecido sobre a fronte. A memória do infinito.
O repouso que a si mesmo interroga. Ouve.
A ronda e nenhum avião partiu. É onde estamos.
Onde os pássaros são pássaros e tu dormes.
E eu vagueio em soluços de sílabas. Onde
Fujo deste poema. Uma palmeira de fogo.
Na Ilha. Incendiando-nos o nome.
Legenda: Muipíti
é uma elegia à Ilha de Moçambique
OLHAR AS CAPAS
O Medo
Trabalho Poético
1974-1997
Al Berto
Assírio &
Alvim, Lisboa, Maio de 2005
esqueço-me de tudo,
por isso escrevo. longe do terror ao
sismo inesperado das estrelas, escrevo com a
certeza de que tudo
o que escrevo se apagará do papel no momento da
minha morte.
o olhar fugiu pelos
interstícios dos objectos, sinto-me como
se tivesse cegado por excesso de olhar o mundo.
as palavras para
nomear o que é belo definharam, raramente
as escrevo, penso-as
só. aqui sentado, imobilizado sob a luz
amarelenta do candeeiro,
continuo a desejar aquilo que nunca verei: a
cintilação dum corpo
na cal, o sorriso dum rosto ardendo de suicídio
em suicídio.
ignoro o mundo e a noite
que o envolve e devora. deixo
escoar o cansaço do corpo pela janela do quarto.
fecho os olhos,
finjo o sono, e vou pelos lugares desabitados do
meu corpo.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
POSTAIS SEM SELO
Não é fácil chegar à meia-noite a uma cidade
desconhecida, falido, ao frio, e encontrar onde dormir. O sueco não tinha cheta.
Os meus bens resumiam-se a duas moedas de dez cêntimos e uma de cinco. Indagando junto de uns garotos,
ficámos a saber que a cerveja era a cinco cêntimos e que os bares estavam
abertos toda a noite. Era a nossa safa! Duas canecas de cerveja custariam dez
cêntimos e, se nos sentássemos ao pé do fogão de sala, poderíamos dormir até de
manhã. Apressámo-nos em direcção a um bar iluminado, pisando a neve e com um
vento gélido a soprar-nos nas costas.
Jack London em Vagabundos
Cruzando a Noite
SARAMAGUEANDO
Um velho recorte
do Diário de Lisboa de 29 de Outubro de 1988
De uma velha
conversa com Baptista Bastos:
Eu diria que
vivi tudo o que vivi para poder chegar a ela. A Pilar deu-me aquilo que eu já
não esperava vir a ter.
Dedicatória de
As Pequenas Memórias:
A Pilar, que
ainda não havia nascido, e tanto tardou a chegar.
Pilar del Riolera O Ano da Morte de Ricardo Reis.
Tanto gostou que disse a si mesmo que visitaria o autor para lhe agradecer tratar tão bem os seus leitores e fazer o percurso que vem no livro: Hotel Bragança, Cemitério dos Prazeres, Alto Santa Catarina, por aí fora.
Tanto gostou que disse a si mesmo que visitaria o autor para lhe agradecer tratar tão bem os seus leitores e fazer o percurso que vem no livro: Hotel Bragança, Cemitério dos Prazeres, Alto Santa Catarina, por aí fora.
Telefonou a
Saramago e encontraram-se num hotel para um café.
Excepção feita a
Manual de Pintura e Caligrafia e, naturalmente, em As Pequenas Memórias,
Saramago sempre foi parco em deixar pedaços da sua vida nos livros.
A excepção é o
encontro com Pilar.
Está na pág. 119
de Jangada de Pedra:
Tem ali uma
senhora à sua espera. Parou José à entrada da sala, viu uma mulher nova, uma
rapariga, só pode ser esta, não há aqui outra pessoa, apesar de estar na
contraluz dos cortinados das janelas parece simpática, ou mesmo bonita, veste
calças e casaco azuis, de um tom que deve ser anil, tanto pode ser jornalista
como não, mas ao lado da cadeira onde se senta tem uma pequena mala de viagem e
sobre os joelhos um pau nem pequeno nem grande, entre um metro e um metro e
meio, o efeito é perturbador, uma mulher assim vestida não se passeia pela
cidade de pau na mão, Jornalista não será, pensou José Anaíço, pelo menos não
estão à vista os instrumentos do ofício, bloco de papel, esferográfica,
gravador.
A mulher
levantou-se, e este gesto inesperado, pois está dito que as senhoras, segundo o
manual de etiquetas e boas maneiras, devem esperar nos lugares que os homens se
aproximem e as cumprimentem, então oferecerão a mão ou darão a face, de acordo
com a confiança e o grau de intimidade e sua natureza, e farão o sorriso da
mulher, educado, ou insinuante, ou cúmplice, ou revelador, depende. Este gesto,
talvez não gesto, mas o estar ali, a quatro passos, levantada uma mulher
esperando, ou, em vez disso, a súbita consciência de se ter suspendido o tempo
enquanto não for dado o primeiro, é verdade que o espelho é testemunha, mas de
um momento anterior, no espelho José Anaíço e a mulher ainda são dois
estranhos, deste lado não, aqui, porque vão conhecer-se, conhecem-se já. Este
gesto, este gesto de que antes não se pôde dizer tudo, fez mover-se o chão de
tábuas como um convés, o arfar de um barco na vaga, lento e amplo, esta
impressão não é confundível com o conhecido tremor de que fala Pedro Once, não vibram, de José
Anaíço os ossos, mas todo o seu corpo sentiu, física e materialmente sentiu,
que a península, por costume e comodidade de expressão ainda assim chamada, de
facto e de natureza vai navegando, só o saiba por observação exterior, agora é
por sua sensação própria que o sabe.
Legenda: A
fotografia do Hotel Bragança, finais dos anos 50, é tirada do blogue Restos de Colecção.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
POSTAIS SEM SELO
A fotografia é um espelho com memória.
Oliver Wendell
Holmes
Legenda: não foi
possível identificar o autor/origem da fotografia.
NOTÍCIAS DO CIRCO
Não foi sério. O que o governo cessante fez no caso da
devolução da sobretaxa sobre o IRS tem um nome suave (manipulação) e outro
menos suave (falcatrua).
O Governo calou-se, guardou os dados para si e começou
a soltá-los no Verão: 12%, 20%, em agosto ultrapassava os 35% e, com a euforia
no ar e as eleições a aquecer, os “spin doctors” foram fazendo chegar às
redacções a mensagem de que, por este andar, seria mesmo possível devolver 50%
da sobretaxa no próximo ano devido à espectacular recuperação da economia.
Azar. Em Setembro, a quebra na cobrança do IRS colocou
a devolução do IRS em apenas 9,7%, o que significa que em vez de os
contribuintes continuarem a suportar uma sobretaxa de 3,5% ela poderá
reduzir-se para apenas 3,2%. Mas claro que este valor, por uma enorme
coincidência, só foi conhecido depois das eleições de 4 de Outubro.
Não há duas formas de classificar o comportamento do
Ministério das Finanças e do Governo: manipularam deliberadamente a informação
para captar o voto dos eleitores. E receberam a discreta ajuda de empresas como
a Somague e a Unicer, que só fizeram os despedimentos colectivos que já tinham
previstos na semana a seguir às eleições. É bom recordar estes comportamentos
quando vierem falar ao país de ética.
Nicolau Santos
no Expresso, citado de Entre as Brumas da Memória.
PÉ ANTE PÉ
Eu sei que ele está aí, ao virar da esquina.
Mas chegou à caixa do correio o primeiro sinal publicitário.
OS IDOS DE OUTUBRO DE 1975
28 de Outubro de
1975
ESTÃO CADA VEZ
MAIS QUENTES os idos de Outubro do ano de 1975.
A radicalização
está na ordem do dia.
PINHEIRO DE
AZEVEDO, ontem no Porto:
Ajudem-me nesta
tarefa patriótica de pacificar os corações.
O
primeiro-ministro falava para 200.000 manifestantes convocados pelo PS, pelo
PPD, pelo CDS, pelo PPM.
À chegada, Mário
e Soares foram vibrantemente ovacionados.
O JORNALISTA
ADELINO CARDOSO, denuncia, na Crónica Parlamentar publicada no Diário Popular,
o escandaloso abstencionismo dos deputados constituintes.
Um mal que se
prolongará até aos dias de hoje.
Quase cerca de
metade dos 250 deputados ou não compareceu em São Bento, ou desertou pouco
depois de responder à chamada e de garantir o pagamento das ajudas de custo: 45
escudos diários para os deputados da província, 150 escudos para os de Lisboa,
a que se soma o subsídio mensal de 10 mil escudos.
Se há muitos
deputados que cumprem o seu dever, se há uma minoria que tem oferecido à tarefa
de elaborar a Constituição muitas e extenuantes horas de trabalho, há outros
que são crónicos absentistas, que se dedicam prioritariamente às suas actividades
privadas.
O ALMIRANTE
VITOR CRESPO, ministro da Cooperação, à sua chegada a Lisboa, vindo de Luanda,
disse que a situação em Angola é praticamente de guerra generalizada.
As diligências,
por parte do governo português, numa tentativa para encontrar uma solução
política, não foram consideradas pelos três movimentos que se digladiam entre
si.
MARIA GRAÇA
AMORIM, apresentou credenciais como embaixadora, em Lisboa, da República de São
Tomé e Príncipe, independente desde 12 de Julho.
OS PORTUGUESES
só podem sair do país com um máximo de mil escudos em moeda nacional e 20 mil
escudos em divisas estrangeiras e não podem levar consigo nem cheques nem
cartões de crédito.
EM EDITORIAL, O
Comércio do Porto escreve que, afinal, não houve golpe, ou tentativa
de golpe e defende uma via pluralista para a construção do socialismo.
VERGÍLIO
FERREIRA no seu Conta-Corrente:
E esta? Afinal não houve revolução. A regina encheu a
banheira de água, porque a água é que seri o problema. Temos de esvaziá-la
Enchê-la outra vez?). Uma colega dela que retirara para o campo com a prole (já
o fez outras vezes) disse-lhe que se sentia «frustrada». A importância de nós.
SE admitirmos seja o que for, mesmo uma calamidade, é necessário que ela se
cumpra para termos razão.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
- Conta-Corrente
– Vergílio Ferreira.
Legenda: o
primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, tendo ao lado Sá Carneiro, discursando
no decorrer da manifestação na Avenida dos Aliados no Porto.
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Verão Quente 1975,
Vergílio Ferreira
terça-feira, 27 de outubro de 2015
POSTAIS SEM SELO
Disse que sim com a cabeça a mim próprio, aproximei-me da janela e fiquei a ver o espectáculo do dia a nascer, como uma criança que foi pela primeira vez ao circo. Semicerrei os olhos, passei a mão pelo peito, sentindo a arma, e voltei as costas ao nascer do Sol.
Dennis McShade em Mão Direita do Diabo.
Legenda: fotografia de Nelson Cavalheiro
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Dinis Machado,
Postais Sem Selo
33 ANOS
33 Anos sem Adriano Correia de Oliveira.
Em 1994 a Movieplay publicou a Obra Completa de Adriano Correia de Oliveira.
Uma caixa de sete discos acompanhada com um pequeno livro com textos de Manuel Alegre, José Niza e Paulo Sucena, toda a discografia, bem como os textos de apresentação que Adriano escreveu para acompanhar os discos.
Para ilustração escolhi Fala do Homem Nascido, poema de António Gedeão e música de José Niza.
NOTÍCIAS DO CIRCO
Nuno Saraiva,
hoje, no Diário de Notícias
Legenda: o novo
governo na Polónia, do partido de Jaroslaw Kaczynski, é conservador e xenófobo.
SARAMAGUEANDO
Vou sentindo algumas dificuldades com alguns novos autores.
Fico sempre com
a sensação de que os livros não foram escritos para mim ou, o mais certo, não
tenho unhas para a guitarra.
Quando falo de
novos autores, obviamente falo de quem publica livros e não tralha.
A idade traz-nos
o prazer da releitura.
Assim passo os
dias.
O cronista
Nelson Rodrigues chegou a dizer deve ler-se pouco e reler muito.
O gosto das
releituras reside, essencialmente no encontrar de ideias e palavras que nos
escaparam numa primeira leitura.
Depois de As Intermitências da Morte e do Ensaio Sobre a Cegueira, desaguei na releitura
de A História do Cerco de Lisboa.
Pós Terra do
Pecado e A Clarabóia, será, juntamente com Jangada de Pedra,
dos menos citados romances de Saramago.
No entanto, José
Carlos de Vasconcelos, num texto publicado a acompanhar uma entrevista,
publicada no JL de 18 de Abril de 1989, não tem dúvidas em considerar A História do Cerco de Lisboa o
melhor romance do José Saramago, o de mais notável construção, simultaneamente
o mais inventivo e o mais equilibrado, o de maior riqueza e até complexidade de
planos, que se vão sucedendo, entrelaçando ou quase sobrepondo, apesar de oito
séculos de história os separar, e ao mesmo tempo o mais límpido até na escrita.
Por seu turno o
crítico António Cabrita dirá.
Um belo e feliz romance.
Assino por
baixo.
Numa amena e
simples conversa com a revisora dos seus livros na Caminho, José Saramago, a
dado passo, ouve-a dizer:
Dos revisores é que nunca ninguém se lembra.
O autor não ligou muito ao que foi dito mas, o que é certo, é que a frase fica-lhe a bailar por dentro.
Assim nasce a história de um homem, Raimundo Silva de seu nome, que está a rever um livro que se chama História do Cerco de Lisboa.
Intencionalmente apõe um não a um texto histórico sobre o cerco de D. Afonso Henriques a Lisboa.
Está como fascinado, lê, relê, torna a ler a mesma
linha, esta que de cada vez redondamente afirma que os cruzados ajudarão os
portugueses a tomar Lisboa
(pág. 48)
É evidente que acabou de tomar uma decisão, e que má
ela foi, com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta uma palavra à
página, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade
histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra Não, agora o que o livro
passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a tomar Lisboa,
assim está escrito e portanto passou a ser verdade, ainda que diferente
(pág. 50)
O erro é
descoberto, publica-se a obra com uma errata e os directores da editora chamam Raimundo
à pedra dizendo-lhe que semelhante coisa não voltará a acontecer sob pena de
prescindirem dos seus serviços de revisor.
Maria Sara, responsável
da editora pelos revisores, presente na reunião mas que nada disse, chama
Raimundo Silva ao seu gabinete e entrega-lhe um exemplar do livro sem a errata.
E a partir do voluntário erro incita-o a escrever a reinvenção da história do
cerco de Lisboa.
Não me peça que explique, mais do que senti-lo,
vejo-o, foi tudo isso, repito, que se condensou na sugestão que decidi fazer-lhe,
E que é, A de escrever uma história do cerco de Lisboa em que os cruzados,
precisamente, não tenham ajudado os portugueses, tomando portanto à letra o seu
desvio
(pág.109)
José Saramago na
entrevista a José Carlos Vasconcelos:
Eu penso que todos os revisores gostariam de ser autores.
Mas este revisor não quer propriamente escrever um livro. O que há em certa
altura, é um momento de insurreição que o leva a introduzir num texto que ele
devia respeitar, que é obrigação sua defender e conservar, que o leva a
introduzir a negação, a dizer que não é verdade aquilo que historicamente
aconteceu. E a partir daí encontra-se numa situação difícil, da qual sai por
obra e graça de uma mulher. Como em geral acontece nos meus livros.
Ainda Saramago,
numa entrevista a Clara Ferreira Alves, publicada no Expresso:
Considero difícil escrever um romance sem lhe meter
uma história de amor, mesmo que se trate de amores infelizes. Sempre terá que
haver um homem e uma mulher e neste livro a história de amor empurrou a
história da guerra.
A página 123,
Raimundo Silva interroga-se:
Que vou eu escrever Por que ponta vou eu pegar nisto
Seguindo o
sentir de Saramago, Maria Sara e Raimundo Silva apaixonam-se e essa paixão
corre ao mesmo tempo que a relação entre Ouroana e o soldado Mogueime, personagens
da trama afonsina que Raimundo vai tecendo.
A páginas 123 já se interrogara:
Que vou eu escrever… por que ponta vou eu pegar nisto.
A páginas 239, numa
conversa telefónica, já com o amor declarado:
Deixe que me despeça com um beijo, está a chegar o
tempo deles, Para mim já vai tardando, Só uma pergunta mais, Diga, Já começou a
escrever a História do Cerco de Lisboa, Já, Não sei se continuaria a gostar de
si se me respondesse que não, adeus.
E chegamos ao
final:
São três horas da madrugada. Raimundo pousa a esferográfica, levanta-se devagar, ajudando-se com as palmas das mãos assentes sobre a mesa, como se de repente lhe tivessem caído em cima todos os anos que tem para viver. Entra no quarto, que uma luz fraca apenas ilumina, e despe-se cautelosamente, evitando fazer ruído, mas desejando no fundo que Maria Sara acorde, para nada, só para poder dizer-lhe que a história chegou ao fim, e ela, que afinal não dormia, perguntou-lhe, Acabaste, e ele respondeu, Sim acabei, Queres dizer-me como termina, Com a morte do almuadem, E Mogueime, e Ouroana, que foi que lhes aconteceu, Na minha ideia, Ouroana vai voltar para a Galiza, e Mogueime irá com ela, e antes de partirem acharão em Lisboa um cão escondido, que os acompanhará na viagem, porque pensas que eles se devem ir embora, Não sei, pela lógica deveriam ficar, Deixa lá, ficamos nós. A cabeça de Maria Sara descansa no ombro de Raimundo, com a mão esquerda ele acaricia-lhe o cabelo e a face. Não adormeceram logo. Sob o alpendre da varanda respirava uma sombra.
Na contra capa do livro, mais uma epígrafe do tal Livro dos Conselhos que nunca se publicou, não passando de uma feliz manobra de diversão do autor:
Enquanto não alcançares a verdade, não poderás corrigi-la. Porém, se a não corrigires, não a alcançarás. Entretanto não te resignes.
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José Carlos de Vasconcelos,
José Saramago
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
POSTAIS SEM SELO
Era jovem e os jovens merecem que os adultos não lhes
antecipem as amarguras. A vida se encarregará de lhes mostrar que toda a
experiência é uma cicatriz onde a ferida continua a doer.
Miguel Torga em Diário,
Volume IX
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Miguel Torga,
Postais Sem Selo
33 ANOS
33 Anos sem Adriano Correia de Oliveira.
Memória de
Adriano.
Duplo LP,
publicado em 1983, como homenagem póstuma a Adriano.
Trova do Vento
Que Passa – Capa Negra, Rosa Negra – Trova do Amor Lusíada – barcas Novas –
Pátria – Para Que Quero Eu Olhos – Sou barco - - Margem Sul – Pedro Soldado –
Lira – Menina dos Olhos Tristes – Erguem-se Muros – Canção com Lágrimas – Canção do Soldado – Cantar de
Emigração – O Sol Perguntou à Lua – Sapateia – Tejo Que Levas as Águas – As Balas
– No Vale Escuro – Recado a Helena – Cantiga de Montemor
Juntamente com o
disco foi distribuído um single com dois temas inéditos: Canção do Linho e Tão
Forte Sopra o Vento
Para ilustração
escolhi «Trova do Amor Lusíada».
OLHAR AS CAPAS
Lúcialima
Maria Velho da
Costa
Capa: Paula Rego
Edições «O
Jornal», Lisboa, Abril de 1983
- Ó pá, é uma bomba!
- Viva a República, onde?
- Deixa-te de gozo, pá, esta abana o regime até ao
osso, o Henrique Galvão sequestrou o Santa Maria.
- O quê?, diz lá isso outra vez.
- Sequestrou, com mais vinte gajos, pá, apanharam o
navio a caminho do Brasil e fizeram declarações contra o governo na Imprensa
Internacional, uma escandaleira.
- Como é que soubeste?
- Disse o Caldas, ouviu-se na rádio estrangeira, a BBC
e tudo.
- Pode lá ser, isso são fantasias de merda.
- Chama-lhe fantasias, o Galvão é doido bastante para
se sair com uma destas, isto não pode continuar assim, a opinião internacional
- Está-se cagando, pá, de depois do Delgado, a
oposição sabe que ladra mas não morde.
- Olha, pá, não é assim, isto vai dar muita bronca, a
questão de Goa, e as colónias, tu já viste quando o Botas morrer?
- O Salazar é imortal, Juvenal, o Salazar é a pátria e
a pátria com o Salazar fez-se mais Salazar do que antes, fez-se Salazar mesmo,
medíocre, reles, fazendo da suficiência peca valor é tico e retórica,
jesuitismo judeu é o que é o que isto é tudo, manha e verborreia, olha para nós
para isto.
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Maria Velho da Costa Livros,
Olhar as Capas,
Paula Rego,
Salazar
domingo, 25 de outubro de 2015
TEMPOS HISTÓRICOS
Quer alguém que
tenha jogado melhor o jogo democrático do que o PC? Quer alguém que tenha
jogado melhor o jogo parlamentar do que o BE? As únicas pessoas que não jogaram
o jogo constitucional nos últimos anos foram as da coligação. Quem mais jogou
contra a democracia, rompendo contratos, criando um Estado de má-fé e
governando contra a Constituição foi a coligação. O PC não me parece que vá
para o governo defender a ditadura do proletariado que aliás abandonou
formalmente em 75. Mas ninguém pense que é um acordo máximo, é o mínimo - o que
não quer dizer que não funcione. E tem de implicar o grosso dos orçamentos e
alguma estabilidade governativa, para mais que um orçamento. E isso tem de
ficar tudo no papel para vantagem de todos". Seja como for, são tempos
históricos e "nada será como dantes".
José Pacheco
Pereira em entrevista ao Diário de Notícias.
GRITO ABAFADO POR TAMBORES
Viriato
Soromenho Marques, hoje, no Diário de Notícias.
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Cavaco Silva,
Ernest Hemingway
V.S.T. & ETC
Falar da
excelência das edições dos livros da &etc. é apenas um falar.
È necessários
ter os livros entre mãos para se ter a noção exacta dessa excelência.
Como escreveu
Júlio Henriques em Uma Editora no Subterrâneo:
Papéis pintados com tinta ou parte não dita da poesia?
Em qualquer caso. Nada que se confunda com indizíveis ou inefáveis
transcendências. Poucas coisas serão tão tangíveis como estes livros.
Retirei-os das estantes, espalhei-os sobre a mesa e estou a folheá-los Há
horas, quase esqueço o propósito da escrita. Pouco importa. Nunca os procurei
por via escolar, nunca os encontrei em bibliografias obrigatórias. Se tiver que
escrever sobre eles, escreverei sem sombra de dever. É o mínimo que lhes devo.
Em resumo: um
homem que ama verdadeiramente os livros nunca pensa em cifrões.
Era assim Vitor
Silva Tavares.
Um homem radicalmente livre.
É bem provável
que existam outros, mas apenas conheço dois prefácios de Vitor Silva Tavares
para livros por si editados.
Um, para o livro
de João César Monteiro, Os Que Vão Morrer Saúdam-te e a que o Vitor
chamou «O César Tem Uma Grande Telha», outro para o livro do Eduardo
Guerra Carneiro «Como Não Quer a Coisa», e a que chamou «Noves Fora,
Sete»
É do prefácio do livro do Eduardo este pedacinho:
OLHAR AS CAPAS
Como Não Quer a Coisa
Eduardo Guerra
Carneiro
Prefácio: Vitor
Silva Tavares
Capa e
«hors-texte» de Carlos Ferreiro
Edições &etc. Lisboa, Agosto de 1978
As clarabóias deste lado da cidade acendem-se mais cedo.
sinal que alguém projecta o fogo sobre o bairro
incendiando casas, talvez certas pessoas, as ruas
mais estreitas junto ao Tejo. Em manhãs como esta o sol
entra na mesa e pára junto às teclas. Parece um sorriso;
diria mesmo uma ternura. Poucos são os Palácios, mas imenso
é o espaço. E as águas, no rio e junto às teclas, acendem-se
com o fogo de outras clarabóias.
Depois são as luzes, as indústrias, o último petroleiro.
Descansam moradores em casas altas
enquanto se ergue a cidade nocturna de bares e liamba
e cresce um ou outro clandestino. É tempo de sair
por entre a névoa; rondar as esquinas; sorrir à puta;
apertar o copo; sentir o suor da cidade, corpo a tremer
de frio e febre neste tempo de amoníaco e éter
com ambulâncias lentas a caminho da morgue.
Antes ainda das luzes, quando, à maneira de Cesário,
o fumo se eleva no espaço, o recorte das fachadas
é mais nítido, o vermelho de Lisboa é mais intenso,
podemos imaginar escadas cansadas da madeira,
fogões acesos nas cozinhas,
crianças já com sono,
etc, etc...
PORQUE HOJE É DOMINGO
Segundo o seu
agente, a actriz Maureen O'Hara morreu ontem, aos 95 anos, a ouvir o tema do
filme «O Homem Tranquilo».
Não sei
falar-vos da tristeza que senti ao ter lido a notícia.
Claro que, mais
dia, menos dia, a hora chegaria.
Mas nunca
estamos preparados.
Principalmente
por quem tanto nos divertiu e tão bem representou.
Não é, pois, um
Bom Domingo.
sábado, 24 de outubro de 2015
POSTAIS SEM SELO
Saí do café a matutar na velha e desiludida ideia de
que as pessoas só entendem quando lhes batem à própria porta. O abuso cometido,
por enquanto, é só um problema "deles", os do PCE e do BE, só 996 872
portugueses, só 18,44% dos votantes, a quem acenaram com um direito que depois
rasuraram, mas só a eles. Ninguém, para lá dos comunistas e dos bloquistas,
pensou: e se amanhã outro alucinado também me quiser apagar?
Da crónica de
Ferreira Fernandes, hoje, no Diário de Notícias.
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Cavaco Silva,
Postais Sem Selo
33 ANOS
33 Anos sem Adriano Correia de Oliveira.
Capa e contra capa do álbum «Que Nunca Mais» gravado e, 1975.
Músicas de Adriano Correia de Oliveira para poemas de Manuel da Fonseca.
Para ilustração escolhi «Recado para Helena».
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Adriano Correia de Oliveira,
Manuel da Fonseca
OS IDOS DE OUTUBRO DE 1975
24 de Outubro de
1975
ONTEM MILHARES
DE MANIFESTANTES participaram numa enorme concentração unitária, seguida de
desfile, de apoio ao Poder Popular.
Segundo o Diário
de Lisboa, do Rossio à Praça do Comércio, o desfile demorou cinquenta e
cinco minutos.
«O Povo não quer fascistas no poder», «Soldados e
marinheiros sempre ao lado do Povo».
E cantava-se:
«Venceremos, venceremos
com as armas que temos na mão.»
O Diário de
Notícias escrevia que «Força irresistível para o Avanço do poder Popular»:
O MAIS QUE
SUSPEITO Jornal Novo chama-lhe a nota insólita do dia político:
as Brigadas Revolucionárias regressam à clandestinidade.
Recorte do República.
SOBRE O TAL
DECRETO DO EMGFA para que os civis devolvam as armas, o jornalista Rodrigues da
Silva escrevia no Diário Popular:
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
NOTÍCIAS DO CIRCO
Passos Coelho não quer continuar primeiro-ministro se
o governo for derrubado no parlamento e Cavaco recusar a alternativa de
esquerda proposta por António Costa. Ficar em gestão corrente até ao Verão é um
cenário que o primeiro-ministro quer ver afastado. Na comissão política de
quinta-feira, Passos desabafou: “Nem pensem que vou ficar aqui a assar para
depois limpar o que os outros fizeram”.
Com Cavaco Silva indisponível para dar posse a um
governo liderado pelo PS e apoiado pelo Bloco e pelo PCP, a solução do governo
Passos em gestão até o novo PR tomar posse está no horizonte. Mas Passos
não quer essa solução, embora a lei só lhe permita terminar funções quando for
nomeado um novo primeiro-ministro. Não querendo dar posse ao governo de
esquerda, Cavaco ainda tem a possibilidade de indigitar um primeiro-ministro
que seja aceite pela maioria dos deputados que, de acordo com a visão do PR,
teriam de ser PS e PSD.
Do jornal I de
hoje.
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Cavaco Silva,
Governo de Direita
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
33 ANOS
«Gente de Aqui e
de Agora» é um álbum editado em Outubro de 1971.
A totalidade das
músicas é da autoria de José Niza.
Os poemas são de
Manuel Enriquez, Manuel Alegre, Conde de Monsaraz, Fernando Miguel Bernardes,
Raul de carvalho, António Ferreira Guedes, António Aleixo
Emigração – E Alegre
Se Fez Triste – O Senhor Morgadio – Cana Verde – A Vila de Alvito – Canção Tão
Simples – Cantiga de Amigo – Para Rosalia -
Roseira Brava – História do Quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro
Arranjos de José
Calvário, José Niza, Rui Ressurreição – Thilo Krasmann
Adriano Correia
de Oliveira, após este disco, recusa-se a enviar os poemas à Censura e até ao
25 de Abril não publicará mais discos.
Como ilustração
escolhi « A Vila de Alvito».
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Adriano Correia de Oliveira,
Manuel Alegre,
Raul de Carvalho
OLHAR AS CAPAS
De Profundis, Valsa Lenta
José Cardoso
Pires
Prefácio: João
Lobo Antunes
Capa: Emília
Abreu
Publicações Dom
Quixote, Lisboa, Maio de 1967
Janeiro de 1995, quinta‑feira. Em roupão e de cigarro
apa‑ gado nos dedos, sentei‑me à mesa do pequeno‑almoço onde já estava a minha
mulher com a Sylvie e o António que tinham chegado na véspera a Portugal. Acho
que dei os bons‑ ‑dias e que, embora calmo, trazia uma palidez de cera. Foi
numa manhã cinzenta que nunca mais esquecerei, as pessoas a falarem não sei de
quê e eu a correr a sala com o olhar, o chão, as paredes, o enorme plátano por
trás da varanda. Parei na chávena de chá e fiquei. «Sinto‑me mal, nunca me
senti assim», murmurei numa fria tranquilidade. Silêncio brusco. Eu e a chávena
debaixo dos meus olhos. De repente viro‑me para a minha mulher: «Como é que tu
te chamas?» Pausa. «Eu? Edite.» Nova pausa. «E tu?» «Parece que é Cardoso
Pires», respondi então.
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Olhar as Capas
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
DITOS & REDITOS
Amanhã é que vai ser bom.
A ternura é a essência do puro e duradouro amor.
Quem tem cabeça de cera não deve andar ao sol.
Semeia se queres colher.
Como se isto de casamento fossem só quatro pernas numa
cama.
O que é necessário nunca é um risco.
Os melhores afins atingem-se por atalhos.
33 ANOS
33 Anos sem Adriano Correia de Oliveira.
«Cantaremos» é editado em 1970..
Cantar de Emigração - Saudade Pedra e Espada - Fala do Homem Nascido - O Sol Préguntou à Lua - Canção Para o Meu Amor Não se Perder no Mercado da Concorrência - Lágrima de Preta - Canção Com Lágrimas - Cantar Para Um Pastor - Como Hei-de Amar Serenamente - Sapateia - A Noite dos Poetas.
Poemas de Rosalia de Castro, Manuel Alegre, António Gedeão, Matilde Rosa Araújo, Fernando Assis Pacheco, A. Barahona da Fonseca
«O Sol Perguntou à Lua» e «Sapateia» são canções do folclore Açoreano.
Músicas de José Niza, Roberto Machado e Adriano Correia de Oliveira.
Arranjos de Rui Pato e Carlos Alberto Moniz
Acompanhamentos de Rui Pato, Tiago Velez, Raul Mendes e Adriano Correia de Oliveira.
Para ilustração escolhi 'Lágrima de Preta», poema de António Gedeão.
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
OS IDOS DE OUTUBRO DE 1975
21
de Outubro de 1975
O EMGFA lançou um ultimato: oito dias para os civis entregarem
As armas de guerra que possuam.
Quem não cumprir a ordem do EMGFA será preso.
Entretanto começaram as buscas.
Eduardo Valente da Fonseca, a propósito, escreve em O
Século:
POR INICIATIVA do Presidente da República, PS e PCP
reúnem-se no Palácio de Belém. Presentes Mário Soares e Manuel Alegre, Álvaro
Cunhal e Octávio Pato, enquanto Costa Gomes se fez acompanhar Vasco Lourenço e
Almada Contreiras
Fontes:
-
Acervo pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
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Verão Quente 1975
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