8 de Outubro de
1975
Segundo o Comité
Central da Fretilin, às primeiras horas da manhã, a Indonésia, com unidades do
Exército, Marinha e Força Aérea, terá lançado um grande ataque contra a povoação
fronteiriça de Batugalé, em Timor ainda sobre a protecção portuguesa.
Há uma semana a
Fretilin lograra expulsar da Batugalé as forças d UDT e seus aliados, ficando a
controlar todo o Timor Português, à excepção da Ilha do Ataúro, onde se mantém
o governador Lemos Pires.
A conquista de
Batugadé e, dentro de uma semana, de Balibó, marca o início efectivo da invasão
indonésia de Timor.
Após o 25 de
Abril por motivos pouco claros, Timor nunca conseguiu fazer parte dos planos de
autodeterminação das colónias portuguesas.
Portugal abandonava
um povo que durante séculos fora feitoria e colónia.
Em 11 de Julho
de 1975, foi publicada a lei que previa a nomeação de um Alto Comissário
português, e, em Outubro do mesmo ano, a eleição de uma Assembleia Popular para
definir o seu estatuto político. O diploma previa um período de transição de
cerca de três anos.
Segundo
observadores de então, a esmagadora maioria dos timorenses recusava totalmente
a integração na Indonésia.
Começou, então, uma
luta fraticida e partidária de que resultarão milhares de mortos.
No dia 28 de
Novembro de 1975, após 400 anos de administração, a bandeira portuguesa é
arriada na praça de Dili e é proclamada, pela FRETILIN, a independência do
território.
No dia seguinte
tropas indonésias, a pretexto de proteger os seus cidadãos em território timorense
lançam uma ofensiva com vista à ocupação do território e de imediato se
fica a saber que a FRETILIN não tem forças
nem armamento suficientes para fazer face ao ataque indonésio.
Em 1998, com a
queda de Suharto, e após uma longa e sangrenta luta de resistência do povo
timorense, cujo marco trágico é, em Novembro de 1991, o massacre do Cemitériode Santa Cruz. os novos governantes, sob pressão internacional, acabam por
concordar com a realização de um referendo onde a população votaria
"sim" se quisesse a integração na Indonésia com autonomia, e
"não" se preferisse a independência.
O referendo foi realizado
em 30 de Agosto de 1999 e, com mais de 90% de participação no referendo e 78,5%
de votos, o Povo Timorense rejeitou a autonomia proposta pela Indonésia,
escolhendo, assim, a independência.
Em 20 de Maio de
2002 nasce um novo país: Timor Lorosae.
Por mera
curiosidade, retira-se das Farpas, Vol. XIII de Ramalho Ortigão, um texto,
datado de Agosto de 1872, com notícias de Timor:
Eis o que um viajante inglês, Russell Wallace, diz em
resumo daquela colónia, onde chegou depois de ter atravessado as ricas e
poderosas colónias holandesas:
«Metade de Timor, pertence aos portugueses: é
extraordinário o contraste entre esta região e a parte holandesa: há três
séculos que os portugueses a possuem e não há em todo o país uma légua de
estrada, nenhum residente europeu no interior. Os
empregados do governo roubam os indígenas, como num
saque, e apesar disso nenhum meio de defesa no caso de um ataque da cidade de
Dilhi. Os oficiais portugueses são ali tão ignorantes que tendo recebido um
pequeno morteiro e obuses não sabiam servir-se deles. Durante a estada de
Russell Wallace, rebentou uma ressurreição: o comandante que a devia combater
fechou-se em casa dando parte de doente: os insurgentes cortavam com toda a
facilidade os víveres à cidade, de sorte que foi necessário ir suplicar um
socorro tardio ao governador holandês de Amboine…»
Desleixo, roubo, estupidez e covardia! Parece-nos que
Portugal seria exigente, - desejando aos que governam e defendem as suas
colónias – maior soma de qualidades nobres.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- As Farpas, Vol.
XIII, de Ramalho Ortigão, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1945
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