Era assim que
Fernando Lopes Graça se passeava nas ruas da Parede quando saía para fazer
compras.
A fotografia é
de Rui Ochoa e faz parte de um trabalho de Joaquim Vieira, publicado no Expresso de
31 de Dezembro de 1981.
Não é uma
reprodução de qualidade mas não quis deixar de a publicar.
A vida é isto,
os homens são assim.
Álvaro Guerra
escreveu que nascer é inaugurar a solidão.
Nem todos os bi
menois que Fernando Lopes Graça escreveu, por vezes, lhe permitiram ultrapassar
a esquina terrível da solidão.
Escolheu-a
porque, para fazer o seu trabalho, não queria intromissões.
O preço que
pagou para deixar uma obra grandiosa.
José Gomes
Ferreira tinha razão:
Olhem-no bem, porque nunca mais veremos um homem
assim.
Numa noite olga
prats acompanhava-o a casa, e o Graça disse-lhe:
Eu agora não queria ficar sozinho, fosse quem fosse,
homem ou mulher, rapaz ou rapariga, nem que fosse um cão.
José Saramago:
Morreu o Fernando Lopes-Graça. Telefonaram hoje da
TSF, muito cedo, para pedir-me, como depois verifiquei no gravador, o cumprimento
desse dever mediático a que se dá o nome de depoimento. Deixaram números de
telefone, mas não liguei. Por pudor acho eu. E agora acabo de saber, por
Carmélia, que o Graça morreu sozinho. Creio que esta última solidão me doeu
mais ainda que a própria morte. Não vai faltar quem diga que o Lopes Graça
morrendo aos 88 anos, tinha vivido já a sua vida. Como frase de consolação,
talvez sirva para quem se satisfaça com o que lhe foi dado. Por mim, penso que
nunca acabamos de viver a nossa vida.
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