O único voto que se pode somar, além do dacoligação – não é o dos partidos europeístas, não é dos partidos a favor ou contraa NATO – é se se votou a favor ou contra o governo. Enquanto à direita haviauma relação perfeita, à esquerda não havia até agora. Porque é que que ela sefez hoje? Porque há consciência em certos eleitorados, incluindo o do PCP, deum factor: os comunistas têm uma sensibilidade muito aguda ao seu eleitorado eperceberam que no fim da campanha a principal questão para essas pessoas nãoera os resultados da CDU mas que não continuassem as mesmas pessoas no poder.Sabendo isso, uma direcção pragmática dos comunistas sabe que não pode, paramanutenção de uma certa identidade, isolar-se de uma possibilidade deentendimento à esquerda. Pode ser que este reequilíbrio, criado pela existênciade uma frente de esquerda, permita reconstruir o centro. Mas enquanto nãohouver uma reconstrução do centro, que tem de ser feita em parte no PSD e no PScontra “o não há alternativa”, estamos condenados a este confronto enteesquerda e direita, que a curto prazo pode servir para reequilibrar o sistemapolítico, mas a longo prazo tem fragilidades.
José Pacheco
Pereira ao jornal I.
Sem comentários:
Enviar um comentário