28 de Outubro de
1975
ESTÃO CADA VEZ
MAIS QUENTES os idos de Outubro do ano de 1975.
A radicalização
está na ordem do dia.
PINHEIRO DE
AZEVEDO, ontem no Porto:
Ajudem-me nesta
tarefa patriótica de pacificar os corações.
O
primeiro-ministro falava para 200.000 manifestantes convocados pelo PS, pelo
PPD, pelo CDS, pelo PPM.
À chegada, Mário
e Soares foram vibrantemente ovacionados.
O JORNALISTA
ADELINO CARDOSO, denuncia, na Crónica Parlamentar publicada no Diário Popular,
o escandaloso abstencionismo dos deputados constituintes.
Um mal que se
prolongará até aos dias de hoje.
Quase cerca de
metade dos 250 deputados ou não compareceu em São Bento, ou desertou pouco
depois de responder à chamada e de garantir o pagamento das ajudas de custo: 45
escudos diários para os deputados da província, 150 escudos para os de Lisboa,
a que se soma o subsídio mensal de 10 mil escudos.
Se há muitos
deputados que cumprem o seu dever, se há uma minoria que tem oferecido à tarefa
de elaborar a Constituição muitas e extenuantes horas de trabalho, há outros
que são crónicos absentistas, que se dedicam prioritariamente às suas actividades
privadas.
O ALMIRANTE
VITOR CRESPO, ministro da Cooperação, à sua chegada a Lisboa, vindo de Luanda,
disse que a situação em Angola é praticamente de guerra generalizada.
As diligências,
por parte do governo português, numa tentativa para encontrar uma solução
política, não foram consideradas pelos três movimentos que se digladiam entre
si.
MARIA GRAÇA
AMORIM, apresentou credenciais como embaixadora, em Lisboa, da República de São
Tomé e Príncipe, independente desde 12 de Julho.
OS PORTUGUESES
só podem sair do país com um máximo de mil escudos em moeda nacional e 20 mil
escudos em divisas estrangeiras e não podem levar consigo nem cheques nem
cartões de crédito.
EM EDITORIAL, O
Comércio do Porto escreve que, afinal, não houve golpe, ou tentativa
de golpe e defende uma via pluralista para a construção do socialismo.
VERGÍLIO
FERREIRA no seu Conta-Corrente:
E esta? Afinal não houve revolução. A regina encheu a
banheira de água, porque a água é que seri o problema. Temos de esvaziá-la
Enchê-la outra vez?). Uma colega dela que retirara para o campo com a prole (já
o fez outras vezes) disse-lhe que se sentia «frustrada». A importância de nós.
SE admitirmos seja o que for, mesmo uma calamidade, é necessário que ela se
cumpra para termos razão.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
- Conta-Corrente
– Vergílio Ferreira.
Legenda: o
primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, tendo ao lado Sá Carneiro, discursando
no decorrer da manifestação na Avenida dos Aliados no Porto.
Sem comentários:
Enviar um comentário