quarta-feira, 28 de outubro de 2015

OS IDOS DE OUTUBRO DE 1975


28 de Outubro de 1975

ESTÃO CADA VEZ MAIS QUENTES os idos de Outubro do ano de 1975.
A radicalização está na ordem do dia.

PINHEIRO DE AZEVEDO, ontem no Porto:
Ajudem-me nesta tarefa patriótica de pacificar os corações.
O primeiro-ministro falava para 200.000 manifestantes convocados pelo PS, pelo PPD, pelo CDS, pelo PPM.
À chegada, Mário e Soares foram vibrantemente ovacionados.

O JORNALISTA ADELINO CARDOSO, denuncia, na Crónica Parlamentar publicada no Diário Popular, o escandaloso abstencionismo dos deputados constituintes.
Um mal que se prolongará até aos dias de hoje.
Quase cerca de metade dos 250 deputados ou não compareceu em São Bento, ou desertou pouco depois de responder à chamada e de garantir o pagamento das ajudas de custo: 45 escudos diários para os deputados da província, 150 escudos para os de Lisboa, a que se soma o subsídio mensal de 10 mil escudos.
Se há muitos deputados que cumprem o seu dever, se há uma minoria que tem oferecido à tarefa de elaborar a Constituição muitas e extenuantes horas de trabalho, há outros que são crónicos absentistas, que se dedicam prioritariamente às suas actividades privadas.

O ALMIRANTE VITOR CRESPO, ministro da Cooperação, à sua chegada a Lisboa, vindo de Luanda, disse que a situação em Angola é praticamente de guerra generalizada.
As diligências, por parte do governo português, numa tentativa para encontrar uma solução política, não foram consideradas pelos três movimentos que se digladiam entre si.

MARIA GRAÇA AMORIM, apresentou credenciais como embaixadora, em Lisboa, da República de São Tomé e Príncipe, independente desde 12 de Julho.

OS PORTUGUESES só podem sair do país com um máximo de mil escudos em moeda nacional e 20 mil escudos em divisas estrangeiras e não podem levar consigo nem cheques nem cartões de crédito.

EM EDITORIAL, O Comércio do Porto escreve que, afinal, não houve golpe, ou tentativa de golpe e defende uma via pluralista para a construção do socialismo.

VERGÍLIO FERREIRA no seu Conta-Corrente:

E esta? Afinal não houve revolução. A regina encheu a banheira de água, porque a água é que seri o problema. Temos de esvaziá-la Enchê-la outra vez?). Uma colega dela que retirara para o campo com a prole (já o fez outras vezes) disse-lhe que se sentia «frustrada». A importância de nós. SE admitirmos seja o que for, mesmo uma calamidade, é necessário que ela se cumpra para termos razão.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Conta-Corrente – Vergílio Ferreira.


Legenda: o primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, tendo ao lado Sá Carneiro, discursando no decorrer da manifestação na Avenida dos Aliados no Porto.

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