Vitor Silva Tavares foi um dos mais entusiásticos
fundadores da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio. Pertenceu vários anos à
Direcção. Deu ideias, participou em sessões, trabalhou em edições, apresentou
filmes e teve a seu cargo o boletim informativo desta associação, chamado «Ficha»,
que saiu duas vezes por ano entre Setembro de 2010 e Abril de 2014.
Foi com grande mágoa que soubemos da sua morte. É com
grande mágoa que comunicamos esta tão grande perda para todos nós.
A Direcção da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio
Comunicado da
Casa da Achada sobre a morte de Vitor Silva Tavares e o comentário deixado por
Regina Guimarães;
Quantas vezes tenho pensado que devia deitar a
vergonha às urtigas
e perguntar ao Vítor S T se achava que eu podia fazer mais um livro com ele.
Coisa que ficarei por lhe dizer.
Mas o que custa muito é imaginar que não mais o ouvirei contar, com todas as pontuações do espírito a cravarem-se na voz que se encontra e se procura. Etc.
e perguntar ao Vítor S T se achava que eu podia fazer mais um livro com ele.
Coisa que ficarei por lhe dizer.
Mas o que custa muito é imaginar que não mais o ouvirei contar, com todas as pontuações do espírito a cravarem-se na voz que se encontra e se procura. Etc.
Aqui, neste lugar que é da Achada que ele ajudou a
fazer, fica um texto feito de coisas que me roem…
A IMPLORAÇÃO
Não vês que me escorrem
pelas pernas abaixo
os filhos que de mim não nasceram
entre lábios e sorrisos incompletos?
Não vês as palavras que me escorrem
tão agudas e argutas
pelas faces abaixo
rasgando rugas em lugar de frases?
Não vês que eu olhei as estrelas
demasiado tempo
e julguei ver
na sua combustão nervosa
na sua intermitência cintilante
um chamamento, uma ordem, um rumo
um caminho para a casa desabitada
mas desde sempre habitada pela luz?
Não vês que se me olhares assim
eu terei de procurar os meus olhos debaixo da mesa
de rolar até à rampa onde a vista se perde de vista
talvez roubando esse grão
que é moinho da voz
para não morrer?
pelas pernas abaixo
os filhos que de mim não nasceram
entre lábios e sorrisos incompletos?
Não vês as palavras que me escorrem
tão agudas e argutas
pelas faces abaixo
rasgando rugas em lugar de frases?
Não vês que eu olhei as estrelas
demasiado tempo
e julguei ver
na sua combustão nervosa
na sua intermitência cintilante
um chamamento, uma ordem, um rumo
um caminho para a casa desabitada
mas desde sempre habitada pela luz?
Não vês que se me olhares assim
eu terei de procurar os meus olhos debaixo da mesa
de rolar até à rampa onde a vista se perde de vista
talvez roubando esse grão
que é moinho da voz
para não morrer?
Para não cantar todas as ruas
a sós.
a sós.
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