Não há
revoluções imaculadas.
Todas têm os
seus erros e excessos.
Por exemplo, no
meio estudantil, criando o embrião daquilo que, anos à frente, 1994, num editorial
do Público, levaria Vicente Jorge Silva viria a classificar como «Geração Rasca».
Rómulo de
Carvalho, poeta António Gedeão incluído, era um Príncipe.
De modo algum
poderia enfrentar os desmandos que invadiram as escolas.
São páginas que
se lèem com um travo amargo.
Mas são
história. A nossa história.
Das páginas em
que Rómulo de Carvalho conta aos seus tetranetos os desmandos ocorridos, apenas publico o
início.
Com as perturbações que a vida nacional sofreu após a
revolução do 25 de Abril, com a apropriação de uma liberdade irresponsável que
nunca soubemos nem saberemos, por temperamento, utilizar, imaginarão vocês o
que se terá passado nas escolas, e no ensino em geral. O liceu em que eu
trabalhava, o Pedro Nunes, serve de exemplo. A partir daquele imenso dia foi
abolida, tacitamente, toda a autoridade. Nem professores nem pessoal auxiliar
tinha voz fosse para o que fosse. O acesso ao edifício estava limitado a meia
porta. Por essa metade aberta só entrava quem os alunos deixassem. Lá estavam
uns tantos de guarda fiscalizando as entradas e as saídas sem saberem bem o que
estavam a fazer nem com que finalidade. Quando lá quis entrar, após a
revolução, os alunos vigilantes olharam-me, e um deles que tinha um pau na mão,
tocou-me com a ponta do pau no ombro e disse: “Este pode entrar.”
Em Memórias
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