segunda-feira, 6 de março de 2023

O FECHAR DOS TAIPAIS


 Com letra e música de José Mário Branco encontramos, no seu primeiro álbum, «Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades», a canção «Nevoeiro» que nos fala de um caminheiro, com o seu passo apressado, indo ao cais do terreiro saber de um tal rei Sebastião, chegado num veleiro sem leme nem gageiro, num lençol amortalhado, ficaria bem enterrado.

 Pedro Passos Coelho aparece-nos nos últimos dias qual dom sebastião para salvar a direita e concretamente o PSD. Anda por  aí uma enorme polvorosa,  O Diário de Notícias ouviu hoje diversos politólogos e um deles, Paula Espírito Santo, adianta: «Não se pode esquecer que foi, na altura, alguém que uniu o partido, ganhou eleições e trouxe o poder ao PSD numa altura difícil na vida do país.»

Lembrar-se-á a senhora que Passos Coelho nos lixou a vida, ultrapassando largamente o que a tal troika nos impôs?

Muitos e muitos trabalhadores, reformados, estão bem lembrados e não nos queiram fazer esquecer esses com toques de cantares de sereia envolvidos em nevoeiros sebastianistas.

1.

Identificados pelo INE existem, sem qualquer tipo de utilização, 723.215 fogos devolutos em Portugal.

2.

 O Papa Francisco apelou, este domingo, ao fim do tráfico ilegal de migrantes, uma semana depois de um barco se ter afundado no sul de Itália, matando pelo menos 70 pessoas, incluindo 15 menores.

Na sua oração dominical, o Papa Francisco disse:

"Que os traficantes de seres humanos sejam detidos, que deixem de poder dispor da vida de tantas pessoas inocentes, que estas viagens de esperança nunca mais se transformem em viagens de morte e que as águas claras do Mediterrâneo já não sejam ensanguentadas por incidentes tão dramáticos».

Três suspeitos de serem contrabandistas foram presos. De acordo com relatos dos meios de comunicação italianos, são suspeitos de terem cobrado entre 5 mil e 8 mil euros a cada migrante que tinham trazido para a Turquia, três dias antes.

Como se passará, há tantos e tantos, nas odemiras do nosso Portugal à beira-mar plantado?

4.

José Sócrates foi detido há mais de oito anos, em Novembro de 2014, foi acusado em Outubro de 2017 e pronunciado em Abril de 2021.

A partir daqui uma nuvem enorme de recursos tem vindo a bloquear a continuação do processo e a data do início do julgamento estará perdida ninguém sabe onde. Duvida-se que alguma vez acontecerá.

A Justiça atrasa-se.

 Os advogados vão enchendo os bolsos.

5.

Os primeiros meses do ano arrancaram difíceis para as famílias portuguesas que, só em Janeiro, gastaram 907 milhões de euros nos supermercados.

Apesar de algumas inspecções, o governo não consegue  impedir as especulações dos grandes merceeiros do país, que nos obrigam a sair a porta dos supermercados com menos produtos no carrinho e menos dinheiro na carteira.

A incompetência governamental, ou os diversos compadrios com o patronato, continua a manter fora das intenções da maioria absoluta a questão de taxar os lucros, mais que excessivos, de certas e bem conhecidas empresas.

5.

«Duas semanas depois de ter recebido o relatório da Comissão Independente, a Igreja ainda anda aos papéis. Não para encontrar a melhor forma de confortar as vítimas e fazer justiça, mas com a preocupação de salvaguardar a posição dos seus abusadores e encobridores.»

Paulo Baldaia, hoje,  no Diário de Notícias

6.

Lido no Jornal de Notícias:

Dada a falta de mão de obra nacional, um grupo de cerca de 500 indonésios, cerca de 75% dos tripulantes, trabalham nos barcos de pesca em Caxinas, a maior comunidade piscatória do país. 

Sendo a Indonésia um país de pesca, estes imigrantes já chegam habituados ao mar e adaptam-se rapidamente. Os trabalhadores recebem o salário mínimo, mas com estadia, alimentação e viagens pagas, parte do dinheiro vai para a família, que está a 13 mil quilómetros de distância.

 7.

«Era um homem de muitos talentos, mas destaco um: sabia escrever cartas. Um atalho para o coração. Reconheço na escrita de uma carta a maior finura do espírito, a verbalização do que em abstracto se sente ou se pensa e um exercício da inteligência.»

Carmo Afonso, recordando o advogado José Manuel Galvão Teles, crónica no Público. 

Legenda: pintura de Aurora Bernardo

Sem comentários: