quarta-feira, 1 de março de 2023

O FECHAR SOS TAIPAIS


E voltamos à questão do aborto.

No Público de 26 de Fevereiro, a jornalista Ana Sá Lopes escreve um artigo de opinião: «ISTO DO ABORTO É UMA ESPÈCIE DE ILEGALIZAÇÃO NO SNS, NÃO É?:

«É proibido, mas faz-se.” A frase de Marcelo Rebelo de Sousa, opositor à legalização do aborto nos idos 98, e depois convertido à realidade jurídica no segundo referendo, deu um dos mais geniais sketches do grupo Gato Fedorento. Foi um “bit” tão marcante que alguns comentadores políticos acharam que o humor tinha tido, desta vez, genuína influência na vitória do “sim” no segundo referendo.

 Sou desse tempo, do “é proibido, mas pode-se fazer”. Era preciso primeiro arranjar um contacto; havia “senhoras” — habitualmente enfermeiras, mas também algumas médicas e não vou falar das possibilidades mais repugnantes — que aceitavam pagamentos a prestações. Havia clínicas de luxo em Benfica, Lisboa; havia marquises pobres em Benfica, Lisboa. Em todas as cidades algumas tabuletas revelavam casas onde vivia ou “exercia” uma “parteira diplomada”.

 A reportagem de Fernanda Câncio no Diário de Notícias da semana passada deu um retrato chocante — e confesso que para mim totalmente desconhecido — da realidade do que é conseguir fazer um aborto legal e gratuito no Serviço Nacional de Saúde. Na verdade, a forma como as mulheres são tratadas demonstra que o que se está a passar agora é uma ilegalização, não por força de políticos republicanos dos Estados Unidos que são contra o aborto, mas por incapacidade do sistema e por “estar-se nas tintas”. O resultado é o mesmo: se não se consegue abortar legalmente, não vale a pena achar que somos assim tão diferentes dos estados americanos que ilegalizaram a interrupção voluntária da gravidez. Aqui, não é proibido, mas não se faz.»

 

À PARTE

1.

O ministro da Saúde , Manuel Pizarro, declarou que irá resolver o problema em “meia dúzia de semanas”.

O senhor ministro é um homem optimista. Para bem do problema que seja apenas isso!

2.

Lá muito para trás, em 22 de Outubro de 1981, D. António Ribeiro, Cardeal-Patriarca de Lisboa, disse aos jornalistas:

 «Quem liberalizar o aborto terá de se haver com a igreja!»

E o bispo de Viseu, em 1 de Junho de 1988 aquando do referendo sobre a lei do Aborto, disse:

«Quem votar "sim" deve sair da Igreja!» 

3.

Também lembrar Natália Correia e a resposta poética a um deputado do CDS:

 


4.

 Alguns recortes dos anos 80:


5.

O poema «Crescei e multiplicai-vos», que encima o texto é da autoria do poeta e pintor espanhol Carlos San Roman e foi traduzido por Urbano Tavares Rodrigues.

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