15 de Março 1975
Sábado é dia de Expresso.
O semanário
ocupa-se, largamente, dos acontecimentos do 11 de Março.
Este é um
pormenor da habitual coluna de comentário político de Marcelo Revelo de Sousa. Um
requiem pelo spinolismo.
A determinado
passo, pode ler-se:
O 11 de Março foi a oportunidade primeira de se
suscitar o confronto destas duas linhas de pensamento e de acção. É ainda cedo
para se compreender em toda a sua complexidade o que efectivamente sucedeu a 11
de Março. O inquérito oficial – assegurou o Chefe de Estado – corre ainda os
seus trâmites, a ritmo acelerado. Segundo Costa Gomes, ele poderá mesmo a vir a
clarificar os acontecimentos de 28 de Setembro que permaneciam, seis meses
depois, envoltos em relativo segredo de estado.
Entretanto, algumas perguntas se fazem quanto aos
factos os observadores políticos.
1ª Spínola terá liderado desde o início do golpe
conforme é genericamente dito, ou teria assumido a liderança momentânea sob o
peso de uma versão errada do que ocorria? – conforme disse Salgueiro Maia ao
“Século”?
2ª Porquê a incipiente estrutura de um golpe que
segundo meios oficiosos, estaria sendo preparado há já algum tempo?
3ª Porquê a aparente ausência de elementos golpistas
operacionais de ligação às diversas unidades, e pelo contrário a sua
concentração em Tancos de onde fugiram para Espanha?
Estas e outras questões serão certamente respondidas
de forma cabal pelo relatório que está em preparação sobre a tentativa
aventureirista da direita.
Adelino Gomes e
José Pedro Castanheira, em Os Loucos Dias do Prec, realçam um artigo do Jornal
de Notícias com o título: Nacionalizar os bancos não é nacionalizar os
depósitos, que ia ao encontro das preocupações dos portugueses sobre o que
acontecia ao dinheiro que tinham depositado nos bancos.
E aproveitam
para lembrar a seguinte história, ocorrida tempos antes do 25 de Abril:
António
Champalimaud adquirira o Banco Pinto e Sottomayor. Ficou acordado que no acto
da escritura pagaria 10 por cento do valor e passados seis meses os restantes 90
por cento. Champalimaud pagou os 10 por cento com um cheque dum banco que já
detinha. E 180 dias depois pagou o restante com um cheque do banco que havia
comprado. Em conclusão: não dispôs nem de um centavo do seu dinheiro e comprou
a possibilidade de receber ao fim doa ano milhares de contos de lucro.
Conclusão do Jornal
de Notícias:
Com este sistema ganhavam meia dúzia de capitalistas e
perdia o povo.
Fontes:
- Acervo pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
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