18 de Março de
1975
ÁLVARO CUNHAL,
secretário-geral do Partido Comunista, manifestou a intenção de os implicados
no 11 de Março, serem severamente punidos, nunca fuzilados, como chegou a ser
apresntado, por militares extremistas, numa Assembleia do MFA.
Os comunistas
portugueses sempre disserem que são homens de justiça e não de vingança.
Dezoito jipes,
tês carrinhas Mercedes e uma Berliet partem de Lisboa em direcção a Viseu e aos
dezassete conselhos do distrito.
É o início da
Camaonha de Dinamização Cultural que integra elementos de todas as Forças Armadas
incluindo representantes da PSP e GNR.
Mário Castrim no
seu Canal de Crítica no Diário de Lisboa:
Mais tarde, no
seu livro MFA Dinamização Cultural Acção Cívica, Ramiro Correia
reconhecerá que um problema que surgiu desde o início, foi o da dificuldade dos
militares responderem a questões políticas delicadas. Era evidente a
incapacidade na criação de quadros e também se tornava cada vez mais claro que
as lutas pela conquista do poder, iriam afectar a qualidade e quantidades de
militares dispostos a empenharem-se em acções desta natureza.
É conhecido o
episódio com aquele oficial miliciano que, numa aldeia transmontana, perguntou à assistência presente
da sala:
Vocês sabem o que é o socialismo?
Uma velhota
devolveu-lhe:
E vossemecê sabe o que é um engaço?
A NATO, segundo
notícia do Diário de Lisboa está preocupada com a decidida viragem à
esquerda operada pelos dirigentes militares em Lisboa.
Dias antes o New
York Times diz-se desiludido e escreve: um golpe nas esperanças que
havia de se conseguir uma democracia política e que as nacionalizações
pretendem sabotar a bases económica dos grupos não comunistas
O jornal francês
L’Aurore que sempre foi um aliado incondicional da ditadura, fez contas e
chegou à seguinte conclusão:
Os detidos políticos são hoje mais numerosos do que no
tempo de Caetano.
VERGÍLIO Ferreira no seu Conta-Corrente:
A Arcádia, ligada à Companhia de Seguros Império,
passa ao governo. Devo estar a ser «saneado», quer dizer, «sacaneado». Se me
deixarem em paz, o que me resta é escrever para o monte. Se ao menos um pequeno
conforto no meio de tudo isto. Não há. Há só o desejo dele, que é ao menos para
o prazer não acabar quando começa.
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino
Gomes e José Pedro Castanheira.
- Conta-Corrente, 1º
volume, Vergílio Ferreira.
- MFA
Dinamização Cultural Acção Cívica, Ulmeiro, Lisboa s/d
Legenda: fotografia
da Campanha de Dinamização Cultura tirada da Vida
Mundial.
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