16 de Março de
1975
Neste dia ficava
a saber-se que, após algumas hesitações, o governo brasileiro dava asilo político
ao ex-general Spínola.
No avião da Ibéria
que, mais os 18 oficiais que desde o golpe o acompanham, o transportou para São
Paulo, em jeito de manifesto, justificaram-se aos jornalistas que se revoltaram
para restabelecer a promessa de democracia da Revolução do 25 de Abril. O
nosso povo tem estado a sofrer as mais abertas violações e a autoridade
desapareceu nas ruas. A anarquia alastra pelo País. Foi para cumprir a nossa
promessa, para garantir a liberdade, para salvaguarda as eleições de 12 de Abril,
para aniquilar as forças antiportuguesas da desordem, que pegámos em armas. A
perseguição política e religiosa é conduzida na sombra por agentes de partidos
e internacionalistas, que se tornam cada dia mais fortes. A escalada da
violência atingiu um ponto que nunca imaginámos. Um governo complacente, a
actuar em conjunto com as forças de subversão, assiste à ruína material e moral
da Nação… lançando Portugal no descrédito do mundo livre. As Forças Armadas não
intervieram em 25 de Abril para mudar de ditadura. Foi para instalar a
democracia, para restituir ao nosso povo a liberdade contra os fascismos da
esquerda ou da direita, os que se vestem de negro ou de vermelho… Não podemos
consentir no martírio de Portugal e na ruína da Pátria.
À chegada a São
Paulo, Spínola apressou-se a desmentir que tivesse afirmado
não desejar voltar algum dia a Portugal, ao mesmo tempo que declarava
que se dedicaria a «actividades intelectuais», com o propósito de
escrever um livro: «Reflexões sobre os Dilemas do Mundo Contemporâneo».
Mas o antigo
governador da Guanabara, Carlos Lacerda, afirmava, ao Jornal da Tarde,
que o ex-general «está decidido a continuar a luta».
Em 1973, Amílcar
Cabral retratava Spínola:
Fontes:
- Acervo
pessoal;
- Os Dias
Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
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