Por uma qualquer
ideia que me escapa, leio o que Vasco Pulido Valente escreve, mesmo sabendo que dificilmente estarei de
acordo em alguma coisa.
Tem dias…
Odeio nouvelle
cousine, borrifo-me para esses artistas disfarçados de mestres de cozinha que
desembarcaram por aí, pondo a salivar os novos-ricos, já não em quantidade
excessiva como há dois ou três anos.
O que dizerem
trazer de inovador é uma palhaçada sem nome.
Um prato enorme,
um caganito de pretensa comida colocada no meio rodeada por frutos e vegetais
ou então colocada em cama disto e daquilo.
Gosto de comida
a saber a comida.
Gosto de comida
feita em tachos, panelas, tabuleiros no forno, dispenso os grelhadores com uma
leve excepção nos peixes.
Há umas semanas,Vasco
Pulido Valente deu uma entrevista ao l I e aconteceu-me ter a tal
difícil concordância com o que escreve ou diz.
Assim:
Gostava de ter os restaurantes que havia em Lisboa
antigamente. Que não tivessem estrelas, nem fossem Michelin, nem fossem cozinha
de autor, com aquelas coisas todas que não me impressionam e que, de uma
maneira geral, detesto. Dou-lhe este exemplo: nesta rua onde vivo havia à
esquina um restaurante baratinho onde ia almoçar grande parte do pessoal do
Ministério do Trabalho, que era o Cunha, e onde se comia optimamente. Fechou.
Havia um bom chinês mesmo aqui na porta ao lado. Faliu. Havia a Isaura, um belo
restaurante, agora é um grill. Tudo comida feita, que eu não como. E não eram
restaurantes de luxo. Agora há uma desigualdade tremenda entre os restaurantes
finos, da Baixa, com chefes assim e chefes assado, e os restaurantes de bairro,
que deixou de haver – as tabernazinhas do Bairro Alto onde se comia optimamente
e que eram baratíssimas. Comia-se boa comida, despretensiosa, sabe como é?
Agora há grandes pretensões com a comida e os restaurantes são piores. A
evolução dos tempos trouxe uma grande vulgaridade, para tudo: para a arte, a
música, a televisão. É ao gosto das massas – isto é pretensioso dizer –, mas
não é o meu.
Sem comentários:
Enviar um comentário