O Robert estava a celebrar o seu quadragésimo primeiro
aniversário no loft da rua 23, apenas a dois quarteirões do Chelsea, com
champanhe, caviar e orquídeas brancas. Nessa manhã sentei-me à escrivaninha do
Hotel Mayflower e escrevi-lhe a canção «Wild Leaves», mas não lha dei. Embora
estivesse a tentar escrever para ele uma letra imortal, tudo aquilo me parecia
demasiado mortal.
Alguns dias depois, o Robert fotografou-me vestida com
o blusão de aviador do Fred para a capa do nosso projectado single, «People
Have the Power». Quando o Fred olhou para a fotografia, disse «Não sei como ele
faz isso, mas todas as fotografias que faz de ti ficam parecidas com ele.»
O Robert queria muito fazer um retrato da nossa família.
Na tarde em que chegámos ele estava bem vestido e gracioso, embora saísse
muitas vezes da sala, dominado por ataques de náuseas. Eu olhava-o sem poder
fazer nada enquanto ele, sempre estóico, minimizava o seu sofrimento.
Tirou apenas meia dúzia de fotografias, mas como já se sabia ele nunca precisava mais do que isso. Animados retratos do Jackson, do Fred, e dele comigo, de nós os quatro, e depois mesmo antes de nos irmos embora, ele deteve-nos. «Espera aí. Deixa-me fazer uma de ti e da Jesse.»
Tirou apenas meia dúzia de fotografias, mas como já se sabia ele nunca precisava mais do que isso. Animados retratos do Jackson, do Fred, e dele comigo, de nós os quatro, e depois mesmo antes de nos irmos embora, ele deteve-nos. «Espera aí. Deixa-me fazer uma de ti e da Jesse.»
Peguei na Jesse ao colo, e esta esticou-se para ele, a
sorrir. «Patti», disse-me ele, premindo o obturador. «Ela é perfeita.»
Foi a nossa última fotografia.
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