Talvez fosse um capricho estúpido, mas o que é certo é
que dei por mim no Sud-Express, a caminho de Coimbra. Estava , ao mesmo tempo,
furioso e admirado. Tinha-me deixado convencer? Acho que, subitamente, esta
expedição tinha adquirido um certo gostinho a aventura. No fundo, não devia
esperar senão isso. Tudo me encantava naquele comboio: os forros de caju do
corredor, o cabedal dos compartimentos, o brilho das placas de cobre que, em
três línguas, me lembravam que não devia debruçar-me para fora do comboio. A
paisagem mudava: ora colinas pedregosas, vestidas de oliveiras, ora pequenos
prados, dum belo verde brilhante. O tempo estava magnífico, e o comboio
atravessava, uivando, as estações caídas, provocando o pasmo de algumas
camponesas de lenço preto que, com a cesta no braço, ali esperavam o autocarro.
Pierre Kyria em A Morte Branca
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