O Diário de
Notícias de hoje traz uma entrevista com José Pacheco Pereira, biógrafo de
Álvaro Cunhal.
Não se
conheceram, Cunhal nunca aceitou falar com um biógrafo tão meticuloso que o
biografado acabou por reconhecer: "Ele sabe mais do que eu sobre a minha
vida", terá desabafado.
José Pacheco
Pereira está a ultimar o 4º volume da biografia de Álvaro Cunhal.
Entre 1999 e 2005, publiquei três volumes de uma
biografia de Álvaro Cunhal, e estou neste momento a trabalhar no quarto,
correspondendo aos anos de 1960-1968. Começa na primeira noite que Cunhal viveu
em liberdade, depois da fuga [da prisão de Peniche], e termina com a queda de
Salazar da cadeira e a sua incapacitação para continuar presidente do Conselho.
Será o primeiro volume da série que termina num facto cujo significado é
essencialmente político, o início do "marcelismo", e não é marcado
por nenhum acontecimento dramático da vida do próprio Cunhal.
Fazer uma biografia a sério de Álvaro Cunhal implica
verificar todos os dados que já se conhece, muitos deles errados ou imprecisos,
e tratar a matéria de forma diferente dos trabalhos têm saído, onde nada é
verificado.
Cunhal nunca o fez, nem ninguém do PCP por ele, e isso
foi o primeiro sinal que tive de que a recepção do primeiro volume e dos
seguintes pelo biografado tinha sido mais favorável do que os meus receios
iniciais. Mais tarde vim a saber por diferentes testemunhos, que Cunhal
manifestou várias vezes, na fase final da sua vida, uma apreciação positiva da
biografia. Disse ao seu médico que eu sabia "mais da vida dele" do
que ele, o que num certo sentido era verdade.
Tenho a presunção de pensar que percebo Álvaro Cunhal.
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