O dia que sempre chega.
Cinco anos sem José Saramago.
Cinco anos sem José Saramago.
Mas tão só a presença
física porque tudo o resto continua a nosso lado:
as palavras, os
livros, o saber, a atitude de homem e escritor, a coerência.
Podemos ler em A Caverna:
Felizmente, existem os livros. Podemos esquecê-los
numa prateleira ou num baú, deixá-los ao pó e às traças, abandoná-los na
escuridão das caves, podemos não lhes pôr os olhos em cima nem tocar-lhes
durante anos e anos, mas eles não se importam, esperam tranquilamente, fechados
sobre si mesmos para que nada do que têm dentro se perca, o momento que sempre
chega, aquele dia em que nos perguntamos, Onde estará aquele livro?
Escreveu ainda: o
que ficará por saber é infinito e, em off, no documentário José e Pilar de Miguel
Gonçalves Mendes, diz: perda irreparável: o acabar de cada dia. Provavelmente
é isto a velhice.
Morte.
A diferença
entre haver estado e já não estar. Espero morrer lúcido e de olhos abertos.
À conversa comJoão Céu e Silva, este pergunta-lhe:
A epígrafe que escolheu para A Viagem do Elefante foi «Sempre
chegamos ao sítio onde nos esperam». É isso que sente?
Saramago
responde:
É e todos nós. Chama-se morte. O sítio chama-se morte.
Queiramos ou não queiramos, sempre acabamos por chegar aí.
Nunca aprendemos
tudo sobre despedidas.
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