domingo, 1 de maio de 2011

PORREIRO, PÁ!



1º de Maio.

Como habitualmente, o café do bairro, não abriu.

Há uns anos atrás, não sei precisar quantos, o sr. Joaquim, insistências da mulher, a D. Luzia, fintou a efeméride e abriu o café.

O que ouviu nesse dia ficou-lhe em registo: que não valia a pena ouvir a máquina registadora tilintar no 1º de Maio.

Pelo menos enquanto o maço e meio de cigarros que o Bóris, no bairro o guardião mor das conquistas de Abril, fuma, permitam que ele por cá ande.

Alto e bom som, indicador em riste, disse ao sr. Joaquim:

 - Se voltas a repetir a gracinha, parto esta merda toda!

Não ficaram dúvidas.

Café fechado, e fico assim: um pouco sem graça, incapaz de tomar o pulso diário, a este lado da cidade.

Lanço mão de um título do “Jornal de Notícias” de hoje:

“Patrões despedem 362 pessoas por dia.”


Legenda: óleo de Nikias Skanipakis.

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