sexta-feira, 3 de junho de 2011

PORREIRO, PÁ!



Terminou a campanha eleitoral.
Acabaram as sondagens, os debates, as palmas, os apupos, as ofensas, os cartazes, as arruadas, os tempos de antena, as feiras, os beijinhos, os abraços, os bailaricos, os almoços de caldo verde, carne assada e pudim boca doce.


Os problemas que preocupam os portugueses estiveram ausentes destes longos meses de ruído e palavreado.

Mas, diga-se, que também não vi os portugueses muito preocupados com os dias que se seguirão a 5 de Junho.

As preocupações vão mais para o resultado de amanhã com a Noruega e para o raio do  Instituto de Meteorologia,  que veio  estragar a ida a praia ao prever  para domingo  um dia escuro, com chuva e trovoada.

Segunda-feira, pela manhã, saltarão todos os graves problemas que, durante estes longos dias, mandámos para debaixo do tapete.

Se soubesse escrever saberia o quê, mas falta-me o talento.

Neste ponto da conversa bato sempre à porta daqueles que dizem as coisas melhor do que eu digo:

Por exemplo, o Pedro Tadeu, há umas semanas atrás, no “Diário de Notícias”:

“Porque vota o povo, que protesta, que se manifesta, que se indigna, nos mesmos políticos e nas mesmas políticas contra as quais se insurge? Porque é que os resultados eleitorais contradizem, sempre, o aparente sentimento popular? Porque é que o poder executivo é sempre entregue aos protagonistas circunstanciais do chamado "bloco central" ou sedimentados na "coligação de interesses" que gravita e vive do exercício clientelar do poder? Porque, só para dar um exemplo concreto, em classes profissionais como a dos professores, onde será difícil, depois da revolta e do aborto do processo de avaliação, encontrar um docente que diga bem do PS ou do PSD, muitos votarão, no próximo dia 5 de Junho, num desses dois partidos?”

O  poeta-sonhador-José-Gomes-Ferreira, em Julho de 1967, escreveu nos seus “Dias Comuns”:

“Oxalá o Socialismo leve muitos, muitos séculos a construir para o homem não ficar desempregado da Esperança.”


Legenda: fotografia de Idílio Freire.

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