Foi cinzento o dia seguinte, o sol recusou-se a comparecer, apenas, aqui e ali, uns farrapitos.
Jean-Paul Sartre, quando em Abril de 1975 este em Portugal, perguntava:
“Será que o povo português no seu conjunto, os camponeses do norte, por exemplo, será hoje constituído por cidadãos livres e capazes de votar em todo o sentido que esta palavra implica, ou não estará ainda capaz?”
Sérgio de Almeida Ribeiro contava hoje no “Delito de Opinião” que, na mesa de voto em que esteve, uma senhora saiu da cabine com o boletim na mão e a perguntar como poderia votar em Paulo Portas, porque não viu no boletim a fotografia e não sabia qual era o partido.
Daniel de Oliveira, hoje ,no “Arrastão”
“É provável que muitos eleitores tenham votado no PSD para se verem livres de José Sócrates.
Só que nestas eleições houve uma novidade: não há forma dos eleitores dizerem que foram enganados. Desta vez o voto contra quem está não podia ignorar o conteúdo do programa de quem vinha aí. Nunca um candidato a primeiro-ministro foi tão claro nos seus propósitos.”
Ontem, Pedro Passos Coelho, ainda a vitória borbulhava, e já estava a abrir portas para novas medidas de austeridade e, hoje de manhã, em entrevista à Agência Reuters, disse que iria surpreender indo mais longe do que a troika nos impusera.
Vitor Dias no seu “Tempo das Cerejas”
“E agora já posso dizer o que antes não podia: é que esta caracterização continha implicitamente a perfeita noção e consciência de que só assinaláveis voluntarismos, superficialidade ou inexperiência política podiam levar a pensar que os partidos à esquerda do PS desfrutavam de condições excepcionalmente favoráveis nesta batalha eleitoral em vez de terem pela frente, como sempre pensei, uma batalha dificil e especialmente complexa e exigente. Na verdade, raramente na história recente aconteceu que climas de angústia e certa desorientação colectiva, de medo do presente e do futuro, de aprisionamento numa barragem de factos consumados e de soluções asfixiantemente apresentadas como as únicas «credíveis» ou «exequíveis» fossem promissores territórios de espectaculares progressões eleitorais de forças de esquerda mais consistentes ou consequentes”.
O futuro será sempre impossível?…
Em tempo de ditadura, escrevia Miguel Torga, no seu “Diário” :
“As nossas saudades de agora são as do risonho porvir que não viveremos.”
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