No dia 9 de Junho de 1968, José Gomes Ferreira tem esta entrada no seu “Dias Comuns”, Vol. V:
“Para festejar o dia do meu aniversário o Secretariado Nacional da Informação publica nos jornais a seguinte nota furiosa:
“Durante o espectáculo de uma companhia estrangeira, realizado em Lisboa na noite de 6 do corrente, foram dirigidos à juventude exortações derrotistas e tomadas atitudes de especulação política inteiramente estranhas ao próprio espectáculo.
Perante a luta que temos de manter em defesa da integridade nacional, não pode consentir-se que uma companhia estrangeira aproveite, abusivamente um palco português para contrariar objectivos nacionais.
As autoridades foram. Assim, forçadas a impedir a permanência em território português do súbdito estrangeiro responsável por aquele espectáculo.”
O artista expulso foi o Béjart que no Coliseu, depois da apresentação do bailado “Romeu e Julieta”, pediu ao público que guardasse um minuto de silêncio em memória de Robert Kennedy, vítima do fascismo.
O público aplaudiu com delírio.
Na noite seguinte proibiram a repetição do bailado e encheram as imediações do Coliseu com polícia.
Luta contra a sombra de punhais moles.”
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