segunda-feira, 20 de junho de 2011

JANELA DO DIA




Vaidades, inexperiências, garotices.

Tudo o que, neste momento, o país necessita.

Num gesto de pura inexperiência, talvez leviandade, Pedro Passos Coelho permitiu que Fernando Nobre apenas aceitasse ser cabeça de lista do PSD por Lisboa, se lhe dessem a presidência da Assembleia da República.

Nem ao mais pintado se admitiria uma exigência destas, quanto mais vinda de alguém, que a mando do clã Soares, entrou na política, como candidato presidencial afirmando-se como anti-sistema, anti-partidos, anti-tudo-e-mai-alguma-coisa.
Poucos acharam piada ao senhor, pessoa que me merece pouca simpatia, diga-se, e muito menos que um candidato a primeiro-ministro, tivesse posto numa casca de banana como esta.

Claro que Paulo Portas, senhor de ratice de sacristia, tratou logo de dizer que por ele poderiam tirar o cavalinho da chuva que não alinhava na festança.

Conhecidos os resultados das eleições de 5 de Junho, outra coisa não restaria a Fernando Nobre, se fosse uma pessoa de bem como apregoa aos quatro ventos e muitos fazem eco, do que desobrigar Pedro Passos Coelho da bota que lhe deu para descalçar.

Mas a ambição, a vaidade, falaram mais alto.

O resultado teve hoje o desfecho, um desfecho há muito escrito nos céus.

Depois de ver o seu nome rejeitado por duas vezes para o cargo de presidente da Assembleia da República, nem o pleno da bancada do PSD conseguiu reunir, alguém, finalmente, terá gritado ”alto e pára o baile!” e Fernando Nobre comunicou ao presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, que não se candidatará a uma terceira votação.

Mas esqueceu o que há tempos, de peito feito, deixou dito, numa entrevista ao “Expresso”, que, caso não fosse eleito presidente da Assembleia da República, renunciaria ao cargo de deputado.

Mas, com aquela cara que se lhe conhece, disse aos jornalistas que será mais um que por ali fica a levantar-se e a sentar-se, ele que é anti-sistema, anti-partidos, anti-tudo-e-mai-alguma-coisa…

Foi triste, degradante, penoso, o que hoje aconteceu na “Casa da Democracia”.
Começaram mal os primeiros dias do resto de muitas vidas, como alguém já chamou ao futuro que nos está reservado.

A formação do governo já tinha decorrido de forma algo atabalhoada, afinal os cérebros não quiseram abandonar os tachos e servir o país, que é uma coisa muito bonita para encher a boca, mas não preenche a conta bancária, e, agora Passos Coelho falha o seu primeiro teste pós indigitação como Primeiro-Ministro.

Chegou a admitir-se que o tempo das teimosias tinha ido de férias juntamente com José Sócrates.

Parece que não.

Como se fazem pontes para o além?


Legenda: os títulos são do dia 16 de Junho, respectivamente, do “Diário de Notícias” e do “Público”.

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