“Nos filmes de cow-boys do cinema Garrett
aprendemos desde cedo uma péssima lição
que ainda hoje nos mesmos filmes se repete:
os maus morrem sempre, mas os bons é que não.
Os maus começam por fazer basto estrago:
é ver a cowboiada e ter uma ideia,
mas para o mal acabar, meninos, carago!,
basta aos que são bons apenas hora e meia.
Saíamos felizes do cinema Garrett,
cheios de todas as pulgas da Povoa do Varzim,
alegres com o desfecho pintávamos o sete,
julgávamos que na Vida seria tudo assim.
Vi mil fitas de cow boys todinhas iguais
e sempre em hora e mei qualquer Cínico escacha.
Hoje odei-os cada vez mais.
O Cínico, na Vida, quem o despacha?
Oh! Filmes de cow-boys do cinema Garrett,
oh! falsíssima lição
que hoje prantamos em qualquer retrete:
que aí é que se é cidadão”
Alexandre Pinheiro Torres em “Ilha do Desterro”, Lisboa, Portugália Editora, 1968
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