terça-feira, 28 de junho de 2011

JORNAIS


Dado a exageros e ignorâncias várias, estabeleci comigo mesmo uma teoria de que o jornalismo em Portugal acabou quando os jornais saíram do Bairro Alto.

Quando deixei de ver os tipógrafos, essa malta da ganga a discutir nos cafés de bairro junto aos jornais, o que o que eles tinham linotipado e não veio a ser publicado.

Quando ao subir a Rua Luz Soriano, ou a Rua da Rosa, deixei de ser sentir aquele cheiro bom a papel impresso.

Os poucos jornalistas que ainda existem, tratam de os colocar em prateleiras, negoceio-lhes a saída, ou, simplesmente, despedem-nos. Já não há seniors, gente com tarimba, a trabalhar nas redacções, apenas estagiários a trabalharem gratuitamente ou como paga a receberem bilhetes para irem ao Rock In Rio.

Meia dúzia de editores olham o que eles escrevem e às vezes nem isso.

Quando da morte do historiador Vitorino Magalhães Godinho, puseram na 1ª página uma fotografia de seu irmão, também já falecido, o advogado José Magalhães Godinho.
Há dias o Sr. João Marcelino, director do “Diário de Notícias”, recusou um artigo de opinião do brigadeiro Pezarat Correia. Depois, face aos protestos, lá publicou o artigo e  esgalhou, destinada a camelos, uma desculpa esfarrapada.

Há uns meses, Francisco Pinto Balsemão, foi homenageado pelo Clube Português de Imprensa e no discurso de agradecimento disse que os jornais estão cheios de gente que inventa factos e rumores perigosíssimos.

Vindo de quem vem, não posso estar mais de acordo, mas não vi ninguém preocupar-se com a afirmação.

Hoje os jornais têm as primeiras páginas cheias de sensacionalismos, inverdades, tragédias e mais tragédias, um galope doentio que se torna epidemia e afecta as pessoas, e, com enormes destaques, falam de gente que não conheço de parte alguma, e as que conheço, dispensava pormenores como, por exemplo, saber que o Cristiano Ronaldo fintou os jornalistas, que o baptizado do filho que era para ser á tarde, aconteceu de manhã.

Este texto mal disposto, mal amanhado, assim ao correr do teclado, é apenas para vos chamar a atenção para a crónica, texto à parte, que Manuel António Pina, publicou hoje no “Jornal de Notícias”.

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