quarta-feira, 29 de junho de 2011

POSTO DE GASOLINA


Poiso a mão vagarosa no capot dos carros como se afagasse a crina dum cavalo. Vêm mortos de sede. Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa. Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco. Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?”

Carlos de Oliveira em “Sobre o Lado Esquerdo”, Iniciativas Editoriais”, Janeiro 1968

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