Por
acaso, comecei por dançar mal e depois passei a dançar bem. Pelo menos assim o
julgava. Era o
tango, era o maxixe, era o foxtrot, eram as danças de salão da época, e o charleston, e o black-botom. Dançava-as todas. E dançava porque ouvindo músicas de dança, o corpo
respondia a elas com desejo espontâneo de traduzir em movimento e atitudes os
ritmos e a melodia. Não dançar para dançar. Todas as danças eram danças de par,
o que enriquecia o gosto de dançar com uma mulher nos braços. No gosto pela dança
de par, o determinante é que o par se complete nos passos e atitudes. Quanto a
beleza, uma mulher que, quando não dança, pode ser considerada feia, pode ser
dançando particularmente bela.
Álvaro Cunhal em Cinco Conversas com Álvaro Cunhal
de Catarina Pires, Campo das Letras, porto Abril de 1999.
Legenda: pintura de Pierre August Renoir
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