segunda-feira, 29 de abril de 2013

POSTAIS SEM SELO


Jantar com um velho amigo e outro, menos velho, mas também amigo. Estamos diferentes, estamos mais crescidos, não necessariamente mais sábios. A sensação estranha de que, de alguma maneira, os meus amigos estão, há muitos anos, permanentemente de partida; um dia aqui, no dia seguinte nada mais do que sombras. É um sentimento que me persegue há muito tempo - que, por vezes, parece pertencer-me apenas a mim, incomunicável - e que se traduz neste disparate sentimental, mas ainda assim verdadeiro: é triste que cada um tenha a sua vida, e que o tempo que nos separa vá sendo maior do que o tempo que nos une. Gosto demasiado dos meus amigos, que são muito poucos, para os ver partir a toda a hora como comboios de passagem numa planície deserta. Gostava de envelhecer na companhia deles; não sei se a vida o permitirá.


Legenda: fotografia de Michael Palmer

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