quinta-feira, 4 de abril de 2013

À CONVERSA...


Perguntaram-lhe:

Será, imagino, fácil perder a fé quando se passou por situações extremas.

Respondeu:

Exige muita força. Mas, quando vemos que é nos países desfavorecidos que a religião tem mais peso, pensamos no modo como a miséria humana é atraída de um modo automático  e destruidor pela religião.
A política não é uma religião, a não ser uma religião em si mesma. Acr4ditamos em nós mesmos e há muito pouca poesia na política. E muito menos amor pelo próximo.
No comunismo é irrealizável. É magnífico mas é impossível. Jesus era um bom comunista. O melhor de todos. Mas é uma utopia. Há sempre o momento em que precisamos das coisas materiais. Talvez um dia os homens se possam amar, mas parece-me improvável.
A piedade é repugnante. O que falta é um olhar desinteressado, mas apaixonado, sobre os outros. Estamos a regredir. Estamos a chegar a um estado de barbárie onde todos matam todos. Onde os accionistas matam os empregados. Vivemos numa época muito perigosa.

Juliette Gréco, numa entrevista ao Público.

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