Sempre, 25 de Abril
sempre. Assim dizíamos, assim porventura se continuará a dizer. Hoje, 24 anos
passados, mudemos de registo e gritemos: 25 de Abril nunca, nunca mais! Nunca
mais acreditaremos na justiça social, nunca mais acreditaremos que as pessoas podem
tornar-se diferentes, nunca mais acreditaremos na liberdade para todos. Porque
a injustiça social grassa, as pessoas não se modificaram, a conquista das
liberdades reias, não das formais, revelou-se inalcançável. É claro que os
políticos eleitos que nos têm governado nunca reconhecerão como foram
supérfluos, nunca admitirão que se converteram ao «monoteísmo de mercado»,
nunca confessarão que todos os dias recuamos ainda um pouco mais no caminho da
igualdade e da fraternidade. Alimentam-se e alimentam-nos co discursos para
ganhar eleições. E nada do que sonhámos será real. Era melhor antes do 25 de
Abril? Não, era mil vezes pior. Só que ainda não era proibido sonhar.
António Rego Chaves,
Diário de Notícias, 25 de Abril de 1998.
Legenda: cartaz de
Marcelino Vespeira, retirado do álbum 25DEABRIL30ANOS100CARTAZES,
Editorial Diário de Notícias, Abril 2004.
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