Breve relance pelo filme Segundas ao Sol de Fernando Léon de Aranor.
A determinada altura, Santa, como baby-sitter, substitui
uma amiga, que tinha um encontro inadiável.
Começa a fazer o seu papel
.
Deita a criança, prepara-se para lhe ler um livro e deita
mão ao que estava mais próximo: a fábula de A Cigarra e a Formiga.
Santa,
olha para a criança procurando a sua aprovação. O pequeno acena que sim.
Era uma vez um sítio em que viviam
uma cigarra e uma formiga.
A formiga era muito trabalhadora e a
cigarra, não: gostava de cantar e de dormir enquanto a formiga trabalhava.
Passou-se algum tempo. A formiga trabalhou o Verão inteiro, amealhou o mais que
pôde e quando chegou o Inverno, a cigarra morria de fome e frio, ao passo
que à formiga nada faltava.
- Filha da puta da formiga!, comentário de Santa para a criança.
A cigarra bateu à porta da formiga
que lhe disse: - Cigarrita, cigarrita, se tivesses trabalhado como eu, não
terias fome nem frio - e não lhe abriu a porta.
Fecha o livro violentamente.
- Quem escreveu isto?!
Não é nada assim. A formiga é uma filha da puta especuladora e além disso
o que aqui não diz, é que alguns nascem cigarras e outras formigas. E quem
nasce cigarra, está fodido. Disso não falam eles… Disso não
falam eles.
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